segunda-feira, 9 de maio de 2011

TABACARIA ACADÉMICO ASSALTADA





 Parece ironia do destino, mas a poucas horas do cortejo da Queima das Fitas a tabacaria Académico, na Rua da Louça, aqui na Baixa, foi completamente limpa de tabaco e derivados. De sábado para domingo, a horas indeterminadas, desconhecidos -ou conhecidos, sabe-se lá, de outros actos no género e na mesma actividade-, com recurso a chave de fendas ou pé de cabra, introduziram-se na entrada da pequena loja de revistas e jornais. Segundo Jorge Martins, o proprietário, “limparam tudo o que era de tabaco e afins. Cerca de 800 euros da qual, numa altura destas, é um rombo enorme. Cada vez mais estabelecimentos como o meu, de pequena dimensão, fazem um esforço quase inumano para conseguirem sobreviver –repara que têm encerrado quase todos-, levando um pontapé destes, como é que se fica? Com um imenso sentimento de revolta… como deves calcular. Além disso, no prazo de dois anos é o segundo assalto.”
O impacto de um pontapé assim, em metáfora, será o mesmo que um doente em agonia estar a ser transportado de ambulância para o hospital e ter um acidente grave no caminho, digo eu.
Naquelas perguntas estúpidas que se fazem a quem acabou de ser violado no mais íntimo, que é o local onde se ganha o pão que sustenta a família, até porque os seus olhos dizem tudo, interrogo o Jorge para me dizer como se sente perante uma desastre destes, encolhe os ombros, leva a mão à fronte, e replica: “trabalhar e andar para frente. O que é que se pode fazer?”
No prédio mora uma senhora idosa, curiosamente a primeira dona da tabacaria, mas está muito surda e não teria dado por nada.




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