Há pouco, na torre de Santa Cruz, os sinos bateram duas vezes a indicar que o Sol, mesmo apesar de estar um pouco envergonhado, está no seu apogeu e os seus raios castigarão quem a eles se expuser.
Desde o Museu Municipal do Chiado até à Praça 8 de Maio vários artesãos, grupos folclóricos, com mostras de gastronomia, e outros expositores mostram a sua arte tendo como pano de fundo a flor. Trata-se de relevar um certame promovido pela Câmara Municipal de Coimbra: a Festa da Flor e da Planta.
Comparativamente com os eventos de anos anteriores é patente alguma menor participação de expositores. Aliás, comparando com a congénere do anterior vereador da Cultura Mário Nunes, é notório que a festa deste ano estará muito mais empobrecida.
Quando interrogo um dos poucos comerciantes que estão abertos e a colaborar com este evento, acerca de, comparativamente, como vê este festejo, responde assim: “durante a manhã esteve muita gente, mas este ano está fraquita. E nota-se mais agora durante a tarde… mas também já viu?, o comércio está todo encerrado! É certo que esta alegoria está a precisar de levar uma volta –caso contrário acabará por morrer de vez-, mas os comerciantes, que serão os mais interessados, não colaboram?!”.
Mais a frente, junto à montra da “Soap & Soul, está a Andreia e a mãe que, num bom exemplo para seguir, estenderam a sua loja até à rua.
Já há cerca de uma semana escrevi aqui que esta feira da flor e da planta precisa de ser revigorada. Até me dei ao trabalho de chatear a vereadora da Cultura, Maria José Azevedo. Refiro “chatear”, porque só um maluco como eu insiste em lembrar a senhora vereadora que é possível fazer melhor, mas para isso era preciso que esta executiva estivesse no mesmo plano horizontal dos humanos. Pelo seu completo alheamento, estou em crer que estará mais numa hierarquia vertical.
Quando é que o pelouro da Cultura senta numa mesa todos os intervenientes da Baixa –aqui refiro também os singulares que estejam dispostos a colaborar- e, liderando o processo, com voz forte, proclama: “meus senhores, vamos lá ver o que têm a dizer. Este pelouro, nos tempos que se avizinham, apesar da forte contenção orçamental, quer fazer melhor, para isso, precisa das vossas ideias e ajuda. Vamos a isso?”
Na parte que me toca, que, perante esta muralha de vidro cega e surda, continuo a fazer promessas. Já me virei para Fátima, Rainha Santa e Santo Expedito. Dez vez vou para a Santa da Ladeira, que foi sempre assim uma espécie de ambiguidade entre o sacro e o profano. Sei lá!, se calhar é desta intervenção que preciso. Vamos aguardar…
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