Em mais uma “noite branca”, na última sexta-feira realizou-se na Praça do Comércio o Baile da Rosa. Foi uma realização da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, e do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra.
Segundo o Diário de Coimbra, do sábado seguinte, “Praça do Comércio foi pequena para multidão que aproveitou a simpatia do S. Pedro e deu um pezinho de dança num baile que foi “sucesso surpreendente”, até para a organização.”
Será que, maioritariamente, os comerciantes estarão de acordo e comungarão de que esta “noite branca” foi um sucesso?
Vou convidá-lo, leitor, a vir comigo até às ruas estreitas da Baixa e, já agora, vamos ouvir quem lá esteve aberto, na última sexta-feira, até às 24h00.
Vamos começar pela Rua das Padeiras. A pergunta será igual para todos e será assim: “o que achou da “noite branca?”
Responde o primeiro, “achei bem. Estas iniciativas são muito válidas. Trazem pessoas para a Baixa e isso, no futuro, será bom. Por acaso fiz uma venda. Foi um meu amigo, que, estou certo, viria cá na mesma num qualquer outro dia. Mas não é isso que está em causa, o que conta é que as pessoas venham. Acho que estes eventos são pouco publicitados.”
E na mesma rua segue o segundo, “acho que o formato em que tem vindo a ser construídas estas “noites brancas” está errado. Não vendi nada, nem tive ninguém a visitar a loja. Ficou tudo concentrado na Praça do Comércio e ninguém se desloca para estas ruas periféricas. Acho a sexta-feira um mau dia para realizar este evento. Porque razão não é feito ao sábado? Assim sempre se tentava convencer mais pessoas a estarem abertas durante a tarde. Até porque, assim, no domingo já poderíamos ficar um pouco na cama até mais tarde, coisa que não acontece no dia antecedente. O que tenho verificado é que todos os eventos –mesmo os da responsabilidade do pelouro da Cultura- são sempre concentrados num só local, e quase sempre nas Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, e na Praça 8 de Maio. Ora está de ver que nós, aqui em baixo, estamos a ser deliberadamente prejudicados, já que as pessoas não passam dali.”
E vamos ao terceiro comerciante, ainda na mesma Rua das Padeiras, “foi bom porque trouxe muita gente à Baixa. Tenho esperança que estas pessoas que agora só vêm pela festa, um dia venham para comprar. Não posso é concordar que estas alegorias sejam todas feitas num só local, como agora na Praça do Comércio. Está errado. Em vez de se fazer um só espectáculo no mesmo sítio, dever-se-ia desdobrar em vários ao longo de todas as ruas, largos e praças. Além de mais constatamos outro problema: supõe-se que se convida a hotelaria para ajudar o comércio, certo? O que é que está acontecer? Os comerciantes abrem as suas portas até à meia-noite e quem trabalha são os restaurantes. Ou seja, está a acontecer o contrário do planeado: o comércio é que está a ajudar a hotelaria.”
Outro ainda na mesma rua, “a continuar assim, não me convidem mais para alinhar. As pessoas concentram-se todas na praça velha, não circulam pelas artérias interiores, e eu estive aqui a olhar para o boneco. Estive a gastar luz, e se não estivesse cá jantaria em casa, que me ficaria muito mais barato. É preciso inventar uma nova forma para a “noite branca”. Eu tenho concordado sempre em estar aberto em todas, mas verifico que continuamos a olhar para o horizonte. Não sei se me entende, mas, a continuar assim, ainda morreremos a olhar para a esperança. É que não podemos continuar a dar… dar, sem pedir nada em troca. Caso contrário, estamos a criar uma espécie de consumidor-dependente de arraiais. Escreva lá que a Câmara Municipal não pode continuar a realizar todas as festas nas ruas da calçada. É preciso descentralizar e trazer o público também para a baixinha.”
Vamos agora entrar na Rua Eduardo Coelho. À minha pergunta, diz um comerciante, “assim não dá. As pessoas aglomeraram-se todas na Praça do Comércio e não tive ninguém a visitar a minha loja. Foi mesmo zero. Vi as que me rodeavam e a mesma coisa… zero. É preciso inventar uma nova solução. É necessário colocar as pessoas a circular por todas as ruas e ruelas. Lembrando as festas que a autarquia faz, parece que quer dividir a Baixa em duas. Porque é que não diversifica, se temos aqui larguinhos espectaculares?”
Na Rua Sargento-mor responde um outro comerciante, “eu assim não continuo. Então estou mesmo aqui ao lado da praça e não tive ninguém a entrar. Isto é o quê? Tem de se entender que uma pessoa ficar até mais tarde tem um custo. Lá que peçam para as luzes ficarem todas ligadas até entendo, agora assim, não!”
Diz outro muito próximo deste, “até parece que somos enteados –referindo-se aos eventos de grande monta realizados pela autarquia nas ruas principais. Porque é que não contemplam toda a Baixa? Mas isto não é lógico?”
Na Rua da Sofia diz uma senhora comerciante, “isto está mal. A mim não me convidem mais. Fica tudo para aquele lado –acenando para sul. É preciso colocar as pessoas a circular por todo o perímetro da Baixa. Por exemplo, agora vêm aí as marchas populares. Acho que são meia centena de inscritos. Porque é que não aproveitam para os fazerem circular entre vários traçados? E mais: porque razão é que vai tudo confluir na Praça 8 de Maio? Dividiam os grupos a acabarem as suas actuações em vários sítios diferentes. Compreendeu o que eu disse?”
2 comentários:
Gostava de saber que tipo de espectáculos é que os comerciantes querem que se realizem nas ruelas da Baixa. Têm de compreender que as ruas são muitos estreitas e nem sequer há espaço para colocar umas bancas para uma feira/mercado típico. Por isso é natural que os eventos na Baixa sejam sempre nas ruas e praças maiores, onde naturalmente há mais espaço.
Os comerciantes em vez de estarem sempre a criticar deviam procurar soluções e arranjar ideias inovadoras para a dinamização do comercio da Baixa, sem estarem sempre à espera que a CMC faça tudo.
A CMC criou as noites brancas que levam muita gente à Baixa e são um sucesso, agora é que altura dos comerciantes chamarem as pessoas da rua para as lojas.
Não sou comerciante, mas sou filho de um ex-comerciante e faço as minhas compras na baixa no comércio tradicional.
Defendo que os eventos que se realizam na baixa têm de ser repartidos por vários pontos e que também é necessário para não dizer urgente o maior envolvimento dos comerciantes, não basta terem as portas abertas como se de um dia normal se tratasse.
Os comerciantes têm de arranjar um “chamaril” promocional para aquele dia e para o futuro, como? Porque não montarem uma banca, mesa à porta do estabelecimento com um centro de flores, umas velas aromáticas, uns talões de desconto para futuras compras, a oferta de uns bombons, de um copo de licor, criarem um peddy paper onde os possíveis clientes tenham de recolher um certo numero de carimbos dos estabelecimentos comerciais que num futuro teriam direito a um desconto nessas mesmas lojas.
Sei que as ruas da baixa são estreitas ou mesmo bastante estreitas, mas dá perfeitamente para circular nos eventos, quase todas essas ruas, travessas e becos têm a meio um largo ou um terreiro, que deviam ser aproveitados nesses eventos.
Em relação ás marchas populares tenho a informação que já estão inscritas perto de 50, informação que ainda não confirmei, mas que a ser verdade daria para se formar numa primeira etapa dois grupos de marchas de marchas populares, um com inicio no Largo da Portagem e outro ao fundo da Rua da Sofia, onde ambos se encontravam na Praça 8 de Maio para a apresentação oficial das Marchas Populares e informar a todos os presentes o programa das mesmas durante a respectiva noite. De seguida dividiam-se em 5 grupos, um a actuar em frente à Loja do Cidadão, outro na Praça do Comercio, outro no Largo do Poço, outro no Largo da Portagem e ou outro em frente à Câmara Municipal, na deslocação para os respectivos lugares de actuação desfilavam pelas ruas da baixa.
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