quarta-feira, 8 de setembro de 2010

UMA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA COBERTA PELA ROSETE "SEMPRE-EM-CIMA"




 Ontem o nosso director do blogue, o Luís Fernandes, atendeu uma chamada telefónica do presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), Armindo Gaspar, a comunicar que hoje, pelas 11H30, se realizaria, no Café Santa Cruz, uma conferência de imprensa para apresentação esquemática da “Noite Branca”, que ocorrerá no próximo dia 17. Como todos sabemos, é um evento que começou em Paris em 2002 e que visa, através de animação e prolongando pela noite fora, chamar a atenção para o público em geral na retoma das zonas comerciais citadinas, muitas delas, abandonadas nas últimas décadas em proveito das novas grandes áreas de comércio.
O estranho –que até me deixou de “pulga atrás da orelha”- é que o Armindo, que é amigo do director Fernandes, em supletivo, sublinhou um pedido: “ó pá, vê lá se mandas um jornalista como deve ser! Talvez o “Olho de Lince”…sei lá!”.
Ora acontece que o nosso internacional fotojornalista “Olho de Lince” está em França a escrever sobre a “retraite” –a aposentação, na alteração de idade proposta pelo governo de Sarkosy-, logo a segunda escolha –porque é isso que me chateia- recaiu sobre mim. Eu bem sei que até nem deveria ligar, o papalvo do Fernandes come na minha mão como um pintainho a que se dá milho partido, mas, mesmo assim, aborrece-me, pronto! Lá por eu ser jornalista-estagiária não podem fazer de mim “gato-sapato”. É ou não é? Ah pois é! Eu sei o que valho, homessa! Mas, está bem, passei à frente e, envergando aquele meu vestido vermelho, que comprei nas Modas Veigas –quer dizer, eu comprei mas quem pagou foi o cartão de crédito do pacóvio do Luís Fernandes-, e que quando o visto pára tudo à minha volta. Com um decote mais largo que o vazio de ideias do Durão Barroso e um palmo de saia mais curto que as concepções do Passos Coelho sobre a revisão constitucional, quando vou na rua, deliro ver os homens a babarem-se completamente, que até me lembra os aparelhos de ar condicionado no verão, sempre a pingar.
E foi assim, enfarpelada na minha indumentária de “mata-hari”, que dei entrada no café Santa Cruz.
Mal tinha transposto a porta principal, encimada por um bonito vitral, senti logo os olhares antropofágicos do senhor Urbano, o engraxador do vetusto estabelecimento. E não foi só: lá na mesa do centro da sala, vejo um indivíduo que me pareceu familiar. Então não é que o fulano sem sair do mesmo sítio, com os olhos a saltar das órbitas, parecia querer comer-me mesmo ali? Estes homens são mesmo uns parvos. Eu sou nova, mas já deu para ver que qualquer mulher, mesmo que não valha um “costelo”, se enfiar uma saia curta e uma blusa com um decote até ao umbigo, transforma-se facilmente na “Spice Gild Melanie C”.
Olha, agora reparei quem é o meu mirone, quem diria? Então não querem lá ver que é o Almerindo Abrolhos?! Quando ele viu mesmo que era eu, em carne generosa, avantajada e pouco osso, levantou-se como se fosse picado por um prego e, chegando-se a mim, sem cerimónias, toca lá de se aproveitar para apertar as minhas mamocas contra o seu peito. Fosca-se! Estes gajos dão tudo para pôr a mão na fruta. São mesmo uns pategos. Nem vêem que uma mulher é muito mais do que se vê. É a sua alma que primeiro deverá ser conquistada e, só então, depois, se tomará o seu corpo em pequenos tragos, como se de uma hóstia se tratasse, na comunhão, na missa, em “corpo de Cristo”. Mas estes homens são mesmo “mastronços”! Só vêem o que lhes é apresentado à frente. Da alma de uma mulher não sabem nem querem saber nada!
 Bom, continuando, cruzei as pernas, sem grande preocupação em mostrar os meus tesouros ocultos, e sentei-me então em frente ao pódio, isto é, em frente aos membros que iam apresentar a conferência de imprensa. Estava o Manuel Rocha, em representação do Conservatório de Música de Coimbra, o Barbosa de Melo, por parte da autarquia e enquanto presidente da assembleia-geral da APBC, o Armindo Gaspar, presidente da mesma agência, a Isabel Campante, da companhia de teatro “Escola da Noite”, e também uma activa e dinâmica membro-executivo da APBC, e o Pedro da “Xangai”, enquanto associado da direcção da agência de desenvolvimento para o Centro Histórico.
 Começou o Armindo a fazer as apresentações, mas logo ali, comecei a sentir o olhar do “Manel” Rocha, que, no modo como me fixava, até pensei que estava a ser analisada, como guerrilheira, na “Brigada Vítor Jara”. Ai, e então o Barbosa de Melo? Só queria que vissem como ele olhava para o meu peito. Disfarçadamente começava por olhar o tecto, depois o balcão, a seguir tudo em redor, para cair nas minhas mamas. Isto assim repetidamente. Por acaso, nem fiquei muito incomodada porque o homem até é assim todo “desempenadinho”, engravatado, com ar de executivo, escorreito e bem limpinho. Eu até gosto de homens mais velhos…ai…ai! Diz o meu psicoterapeuta que isto tem a ver com o facto de admirar muito o meu pai…não sei…se calhar…
Ai, e o Armindo? Ai meu anjinho da guarda! Então não é que o safado não tirava os olhos das minhas pernas? Vejam bem, debaixo daquele jeitinho de homem que não parte um prato está um leão sem juba. Nem quero pensar se a mulher, a dona Graça, sabe! Por acaso achei graça –não tem nada a ver com o nome da esposa-, estava ele a ler o documento de apresentação das directrizes sobre a “Noite Branca”, quando chegou ao “bacalhau”, olhando para mim, começou a patinar que parecia coisa má. De que se estaria a lembrar o Armindo? Às tantas, sei lá, seria o bacalhau do “Quim Barreiros?
 E até a Isabel Campante, que, sendo mulher, deveria olhar para mim com olhos de uma congénere e apoiar-me, mas qual quê? Mirava-me como se eu fosse uma inimiga –é óbvio que eu deveria adivinhar, as mulheres detestam concorrência, já se sabe que é assim.
E o Pedro? Ai, minha nossa senhora, virgem de todas as Virgens, o homem era mesmo descarado. Deus me livre, estes homens, não podem ver uma mulher boa.
 Então, na pouca atenção que me deixaram tomar, fiquei a saber que no próximo dia 17, Sexta-Feira, a Baixa vai estar em cima. Ou seja, vão estar abertos até à meia-noite 209 estabelecimentos comerciais (144 lojas e 65 restaurantes/cafés/pastelarias), que, segundo as palavras do Gaspar, ultrapassa em muito os números de adesão de 25 de Junho, passado.
 Fiquei a saber também, e por isso estou aqui a dividir com os nossos leitores, que vai haver iniciativas culturais variadas. Desde os restaurantes a promoverem uma mostra gastronómica de bacalhau, passando por eventos musicais nas ruas, promovidos pelo Conservatório de Música de Coimbra –podendo haver comparticipação de todas as pessoas que compõem música e que queiram actuar, desde que se inscrevam na agência até ao dia 13-, até um filme mudo, cedido pelo Museu Marítimo de Ílhavo, sobre “A campanha  do Argus”, um bacalhoeiro já abatido da faina do “fiel amigo”, que será exibido no Largo do Poço e projectado nas paredes do Salão Brazil.
Este evento conta com o apoio da Câmara Municipal de Coimbra, do Conservatório de Música de Coimbra, dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, da Confraria do Bacalhau de Ílhavo e também da empresa de Coimbra LUGRADE.
 Tudo indica que esta “Noite Branca” será de mil cores. Eu seja ceguinha se não fiquei com apetites para vir à Baixa no dia 17. Se eu tivesse um bom convite era ouro sobre azul. Se não tiver, venho na mesma. Ah, pois não! Brincamos ó quê?



1 comentário:

Jorge Neves disse...

Tambem quero um convite.