sábado, 28 de fevereiro de 2009

HOJE FOI DIA DE FEIRA DAS VELHARIAS






Como se sabe, ao 4º sábado de cada mês, em Coimbra, na velha Praça do comércio, realiza-se mensalmente a feira de Velharias.
Hoje, como o tempo estava convidativo, apesar das promessas de chuva e frio para a tarde, a verdade é que esta alegoria esteve bastante concorrida. Apesar da crise não há quem resista a uma peça antiga dos seus tempos de criança, que a faça rejuvenescer e voltar a trás. Ninguém resiste à memória. Adquirir uma pequena peça que nos faça viajar no tempo é como temperar a nossa agitada vida com sal.
Normalmente, as velharias estão para o homem como a religião. Há medida que envelhecemos, e sentimos a vida a encurtar, viramo-nos cada vez mais para as memórias de outros tempos, que nos façam reviver, e para o transcendente. Agarramo-nos a eles como náufrago a um rolo de madeira em pleno alto-mar.
Em relação às velharias e ao brique-à-braque, é extraordinária a mística e a devoção envolvente. Já tive pessoas a chorar ao pé de mim perante uma memória que os marcou na infância.
A nossa vida, algumas vezes cheia de tudo, é complementada com estes pequenos nadas. Só quem já sentiu ser invadido por esta carga memorial do tempo, entende bem daquilo que escrevo aqui.

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