terça-feira, 2 de agosto de 2022

ODE A UMA COISA QUE NÃO FAZ FALTA

 

(imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



Não, não percam tempo com lamechice,

por mais uma loja antiga que se vai,

não lamentem quem morreu de velhice,

mas antes da que fica e um destes dias cai,

não derramem uma lágrima de intrujice,

não mostrem tristeza por quem sai

e bate com a porta a disfarçar a canalhice

infligida por consumidores, governos, cagai,

cagai na presunção de inocência, com meiguice,

não sejam as novas carpideiras hodiernas, dançai,

cantai, riam, sorriam em gargalhadas, sem beatice,

a um herói morto em combate nesta selva, escarrai,

escarrai neste sistema “darwiniano” de pantominice,

acordem para o extermínio em curso, desconfiai,

duvidai dos pregadores neo-liberais de charlatanice,

vós sois os novos escravos, a nova presa que cai

na esparrela de que “quantos mais melhor”, burrice,

sois a marioneta que faz o que o dono quer, aceitai

que estais presos numa rede de acólitos em crendice,

estamos divididos em ordenados e mandadores, brindai!

Batam palmas a um grande resistente, com meiguice,

com respeito, levantem os lenços a quem parte sem um ai.


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