"Bom dia, Dona Adelaide. Então sempre voltou a fazer a venda este ano? No ano passado, tinha-me dito que seria a última vez", interrogo a mais velha vendedora de castanhas da cidade.
"Estou aqui que nem posso, menino! Fui para o hospital, ontem. Enervei-me aí com os meus vizinhos" -um outro casal que também, felizmente, continua a vender o fruto do castanheiro. "São assim, assado e cozido", desabafa a decana trabalhadora de quase oitenta anos.
"Deixe lá isso, Dona Adelaide. Procurem dar-se bem. Afinal só aqui há dois vendedores, você e eles. E a senhora já está na idade que está...têm de ter paciência uns com os outros", aconselho.
"Qual quê, menino? Eles são assim, fritos, escalfados e bem passados...", e nem o facto de ter duas crianças para atender arrefeceu a sua ira. À medida que me afastava, continuava a ouvir os queixumes da vendedeira de castanhas...
1 comentário:
Lindo e verdadeiramente português! São estas simples pessoas com os seus pequenos/grandes problemas que nos enchem a alma e esquecem aqueles que são individualistas, egocentricos e que passarão por cima de tudo e todos para obterem o que querem(mais TER) para mostrarem ao amigo.
Estas pessoas enternecem-me
MJM
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