sábado, 18 de agosto de 2018

BAIXA: MORRI MAS ESTOU BEM, OBRIGADINHO

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(imagem da Web)




Desde a semana passada que o boato andava de boca-em-boca: “O “Tó” morreu! Coitado, tão bom rapaz! Tinha uma doença incurável! Também não era de admirar, a comer mal e a dormir onde calhava por aí, o que se esperava? Que Deus o guarde!
O” de que falo aqui dá pelo nome de António Manuel Seabra Dias. Com 54 anos de idade, por razões que a razão tece e a natureza impõe, depois de décadas como funcionário público, entrou em derrapagem e, sem amortecedores de retaguarda, nunca mais parou. Acabou despedido compulsivamente. Tendo o álcool como companheiro certo mas destruidor do seu corpo frágil, até aqui, tem dormido onde calha, nomeadamente, pelas entradas e reentrâncias de edifícios que lhe permita passar a noite. Tem recusado ajuda para se instalar, pelo menos, num quarto condigno.
Resultado de uma esmerada educação adquirida em prole de grande respeitabilidade, no trato, o “” é um querido. Estou em querer que por aqui, pela Baixa, não haverá alguém que não goste dele. Daí o rumor que levou muitos habitantes deste bairro velho a reiteradamente, com grande tristeza, lamentar a sua alegada partida precoce.
Depois de tantos discursos convictos que atestavam o seu falecimento, ontem estive para escrever um texto laudatório em elogio fúnebre. Quando já tinha o ecrã branco à minha frente para receber a minha verve poética, de repente, como seta que cai do alto, fui atravessado por um pensamento: e se a atoarda for falsa? Recordei que há uns anos, num caso parecido onde tudo parecia bater certo, “matei” um conhecido fotógrafo da Baixa.
Como sabia parte do nome do “”, no último momento antes de lhe fazer o “fenério”, liguei para CHUC, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Fiquei então a saber que, apesar de estar internado em Dermatologia, felizmente, está de boa saúde. Em conversa com o Seabra, depois de agradecer a todos pela elevada preocupação, manda dizer que “o falatório é manifestamente exagerado e que, dentro de alguns dias, estará ao "serviço" e pronto a calcorrear novamente estas pedras da calçada”.

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