“Ó Luís, você tem de comunicar à Câmara Municipal acerca um buraco que está na Avenida Fernão de Magalhães. Caí lá ontem. Só por sorte não parti um pé”, assim me transmitiu um velhinho morador aqui na Baixa. Como sempre nestas coisas tenho de engolir em seco e dar-lhe desconto por ele ser mesmo “entrevadinho” de quase tudo. O que ainda mexe qualquer coisinha, para mexer, tem de ser muito remexido. Prometi-lhe que quando lá passasse tomaria nota.
Hoje dei conta do buracão. Trata-se de uma fenda de cerca de 25 por 25 e com uma profundidade de à volta de 15 centímetros de profundidade e que se encontra em pleno passeio. Só me admira como é que ninguém ainda lá não teve um acidente grave. Como é ao lado do J. Mendes, onde em tempos funcionou a ASAE, e junto a um quiosque de revistas e jornais, perguntei à senhora se o buraco já estava ali há muito tempo.
-Sim já há um tempo.
-E tem caído lá pessoas? -continuei a interrogar.
-Sim, já várias pessoas caíram aí.
-E já comunicou para alguém, para a Câmara Municipal, por exemplo?
-Não, não falei a ninguém disso.
Em jeito de balanço final, apetece-me comentar que até os buracos sofrem de discriminação. Alguns, de tanto serem desejados, precisam de constantemente andarem cobertos. Outros, como este, por mais que estejam à vista, ninguém os quer cobrir. Há buracos e buracos… resta-me acrescentar.
(TEXTO ENVIADO À CÂMARA MUNICIPAL)
4 comentários:
Isto dos buracos tem que se lhe diga...
Aproveito para agradecer a sua disponibilidade para ajudar os "Armindos" que por estas "baixas" sofrem e que alguns "Gaspares" não conseguem alcançar (como disse um dia o António Variações).
Relativamente ao furinho em questão, é apenas um local a evitar, mas como qualquer "potra" pode alastra e tornar-se numa "buraca" de que todos fogem a sete ou mil pés.
Abraço e bom fim de semana!
Muito obrigado, João Pedro. Faço apenas o que posso e o que devo -parafraseando Torga, se faço o que posso, logo, faço o que devo-, embora tantas vezes a levar no lombo de todos os lados. Fosca-se, amigo!
Abraço e agradecido.
Como diria um "ancião" da minha (nossa) terra... "caga nisso e põe ao peito!"
Às vezes, algumas críticas, são autênticas medalhas.
Sou professor por convicção, há cerca de duas décadas e em algumas alturas fui ameaçado com processos e outras "coisas muito más".
No início, não tinha medo, pois era "chavalo" e tal coisa "não me assistia".
Com o passar do tempo, tornei-me "pele de sapo", curtida e habituada a "coices" de mulas velhas.
Desde há uns tempos a esta parte, cada "investida" é tida como uma oportunidade de mostrar (apenas a mim próprio) destreza e agilidade no manejo da "capa", para fazer uma faena e triunfar na praça da vida (essa sim, a mais importante - ou não tivesse eu um puto com 8 anitos...).
Às tantas dou por mim a pensar se alguns dirigentes não terão já desistido de se "pegar" com tal criatura...
Pois apesar de nem sempre a banda tocar a compasso, os "bichos" até ficam com a língua de fora, só de imaginarem a "sorte de varas" que os espera.
Mas há dias e dias...
Abraço e desculpe o desabafo com terminologia taurina, ainda por cima em praça alheia!
Concordo consigo completamente, mas, às vezes, uma pessoa interroga:"mas, afinal, o que se quer?"
É que, quanto a mim, não haverá coisa pior que um caminheiro não saber para onde quer ir. Enfim, meu caro, JPG, desabafos, simplesmente desabafos.
Abraço, meu amigo, e bom fim-de-semana.
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