quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

BAIXA: SE NEM UM MARCIANO ESCAPA...?




 Esta noite, a horas indeterminadas, a papelaria Marciano, situada na Avenida Fernão de Magalhães, foi assaltada. Através da quebra do vidro da porta principal os larápios, vários ou um apenas, introduziram-se dentro do estabelecimento.
De salientar que falamos da avenida mais movimentada da cidade e este estabelecimento encontra-se localizado a vinte metros do quartel dos Bombeiros Voluntários.
Segundo a funcionária da loja, “levaram os trocos da caixa, sobretudo euros, porque os pretos (cêntimos) deixaram-nos. Para além disso levaram também pequenos artigos sem valor relevante, tais como kits de tintas para pintar, umas agendas e outros valores ainda não apurados”.
Helena Costa Leal, a proprietária, uma anciã muito querida de todos os que trabalham na Baixa, parecia atarantada. Era como se não tivesse tomado consciência de que a sua loja, a “menina dos seus olhos” e tão querida do seu falecido amor Marciano, tinha sido violada. Porque sei, porque conheço bem a Dona Helena, tenho conhecimento no quanto ela se esforça por manter esta grande papelaria aberta em memória do seu marido. Aos poucos, num trejeito de dor expressa no seu rosto de quase oitenta primaveras vividas entre esforço suado, lá me vai dizendo “o que é que se há-de fazer? Não há polícia à noite por aqui. Não se vê ninguém. É de esperar tudo. Mal de quem trabalha e tem alguma coisa. Só perde quem tem. É com muito sofrimento que eu vejo chegar isto ao estado em que está. Enfim…” –e afasta-se, como se fosse ave ferida e precisasse de outro recanto para chorar e curtir a sua angústia.
A PSP tomou conta da ocorrência. Como sempre e noutros casos idênticos lá foi retirar impressões digitais que para pouco servirão. Pela minha experiência, porque infelizmente já fui assaltado várias vezes, é apenas para mostrar às vítimas que está a fazer o que deve. Mas depois, não por culpa desta polícia, mesmo até havendo vestígios de sangue –isso aconteceu num dos casos comigo-, “os exames de ADN não são realizados porque custam mais de mil euros”, disse-me, na altura, alguém que sabia do que falava. Mas eu não estou aqui a escrever nada que os cidadãos vítimas de assaltos já não saibam. Hoje mesmo, neste caso, me confidenciava a funcionária da papelaria Marciano, “esteve cá a polícia a pôr pozinhos de perlimpimpim aqui no balcão, assim no jeito da “CSI Miami”. Não foram à montra partida. Isto é mesmo só para nos confortarem. Nós sentimos que é assim mesmo. Eles nunca descobrem os autores…”

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