quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ACORDEM PASSARINHOS




Há abraços que me enternecem
pelo rosto e meiguice do olhar,
outros há que me enfurecem
sem que eu consiga explicar,
seja porque me desvanecem,
ou talvez porque fico a balouçar
entre segredos que confessem
e a hipocrisia do administrar
em exemplos que enriquecem,
mesmo que não seja para levar
a sério nos dias que amanhecem,
na turbulência do relampadejar,
em noites escuras que fenecem,
uns passarinhos feridos com azar,
não alcançam o ninho, empalidecem,
pensam nos filhinhos, como acalmar
a fome que os consome e esmorecem,
sabem que se não intervierem e desvelar,
irão morrer em beirais que apodrecem,
num qualquer prédio velho e amaldiçoar
aqueles que por promessas enobrecem,
fazem de abraços alianças de adular,
eles sentem que mesmo que fizessem,
não é por acaso, nem destino a forjar,
muito esforço, são almas que embolorecem,
mas os coitadinhos continuam a efabular,
crêem em promessas vazias que até parecem,
que em vez de aves são burros a alardear
umas fés perdidas que não alvorecem,
acordem passarinhos, deixem de sonhar,
não vêem que os vossos filhos emagrecem,
sofrem de estômago vazio, a esperar,
e vocês, hipnotizados pela luz, embrutecem,
no brilho cego, do ofuscar, continuam a acreditar.

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