Ao passar ontem na Rua Central das Lages, perante o contorcionismo que uma transeunte fez para não ser atropelada, deu-me para reflectir como este país roda a duas velocidades. De um lado, o grande desenvolvimento em auto-estradas, itinerários principais, Scut’s e outros afins –lembremo-nos que ainda no Domingo o Ministro das Obras Públicas inaugurou a nova variante do IC2, entre o Almegue e os Carvalhais. Do outro lado, num “ram-ram”, estradas rurais, estreitas sem passeios, rudimentares e mais próprias para tráfego de bestas do que para humanos.
Embora já tivesse passado várias vezes a pé entre a antiga Guarda-Fiscal e a rotunda das Lages, talvez por distracção, nunca tivesse tomado conta do perigo que está perante os nossos olhos. Só ontem, quando vi uma senhora, que transitava a pé, ter de se arremessar contra a parede de um muro e apoiar-se nos dois braços, tomei consciência do atentado à saúde pública que está ali mesmo a um palmo das nossas vistas.
A Rua Central das Lages, toponimicamente anunciada num enorme edifício decrépito no lado Norte, perto da rotunda, foi sempre conhecida por “estrada das Lages”. Outrora, há talvez cerca de uma vintena de anos, foi uma artéria viva, com um estabelecimento de venda e confecção de leitão assado –o Luís dos Leitões. Um pouco antes deste, no prédio antecedente, funcionou um dos primeiros centros de inspecção automóvel de Coimbra. Hoje, para além da placa a anunciar um desaparecido estabelecimento, e de por cima passar os modernos acessos à Ponte Rainha Santa, quase tudo em volta é um cemitério de escombros. E porquê? Admito que a resposta reside exactamente naquela via em funil. Porque não houve até agora vontade de resolver este problema? Será porque, penso, até agora, não morreu lá ninguém? E, já agora, mais uma interrogação: às tantas, não teria sido encontrada uma solução porque é irresolúvel, uma vez que, em princípio, não haverá possibilidades de alargamento da via? Este ostracismo a que foi votada, será disso? Creio que não. Trata-se simplesmente de desleixo, incúria e desrespeito por quem anda a pé.
E, já agora mais uma pergunta, então qual seria solução? Fácil…muito fácil. Da rotunda das Lages, junto à nova piscina municipal, até aos Pereiros, cujo trajecto é todo feito em estrada de largura de pouco mais de quatro metros, seria feito apenas no sentido descendente para Sul. O sentido ascendente, dos Pereiros para Coimbra, seria feito pelos Carvalhais. A distância a percorrer é notoriamente igual.
Vamos lá ver se não terá que morrer alguém para se alterar este trajecto.
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