Quem passa na Praça 8 de Maio, certamente, já se teria apercebido de uns sons de fado que são debitados no antigo Largo de Sansão através de uma colunas que estão colocadas no edifício da Livraria 115 e ao lado do Olímpio Medina. Pela analogia a esta centenária casa de artigos musicais, quase de certeza que pensou que a música, habitualmente da canção coimbrã, numa técnica de marketing avançada, provém daqui.
Se assim é, não se admire, ao longo dos últimos anos foram muitos os que assim também deduziram o mesmo –estas colunas foram instaladas ali há cerca de 7 anos.
Há volta de dois anos, irrompendo pelo estabelecimento, um fiscal camarário solicitou as licenças de emissão de música para a via pública.
Há menos tempo, entrando na loja, foram dois agentes da ASAE que solicitaram prova de pagamento de direitos de autor.
Também há uns tempos, uns vizinhos do Olímpio Medina, provavelmente porque estavam fartos de ouvir fado em repetência continuada, foram à autarquia queixar-se deste comerciante.
Um dia, porque, o sistema em MP3 está ligado conjuntamente à fonte da praça, o som emanado das colunas saía aos soluços, que mais parecia o Adérito “Molengão” quando se embrulha nos vapores etílicos, o comerciante Olímpio decidiu ir à autarquia procurar o “pai” desta invenção. Curiosamente, a funcionária da edilidade…reenviou-o para o estabelecimento…Olímpio Medina. A custo lá tentou fazer prova de que não tinha filhos de gosto musical tão descontextualizado e rotineiro. Foi então enviado para o posto de Turismo…no Largo da Portagem. O vendedor de instrumentos musicais, que de música conhece tudo, em solilóquio, em introspecção, lá pensou com seus botões que sendo aquelas colunas presas a fios condutores, bastava-lhe seguir os ditos. E assim chegou ao prédio ao lado, a “Casa Aninhas”, que é pertença da… … Câmara Municipal de Coimbra.
Segundo as declarações do senhor Olímpio Medina, até é aceitável a permanência de fado de Coimbra no Largo de Santa Cruz. O problema começa quando a repetição da mesma música se sucede há vários anos. Como o MP3 terá uma autonomia de, mais ou menos, 2 horas, passando este prazo, lá “vira o disco e toca a mesma”. “Quando batem as 9H00 nos sinos de Santa Cruz todos sabemos qual vai ser a composição de entrada no novo dia. Depois a seguinte, a seguinte, e assim sucessivamente até às 11. A seguir faz marcha à ré, consecutivamente, até às 19 horas”, conta-me Olímpio Medina.
Perante este aparente falhanço dos terrenos, embora não tenha nenhum conhecimento no “universo de todos-os-santos”, mas ainda lhe deixei a ideia: “porque é que não faz uma promessa à Senhora da Graça, que fica ali a dois passos, na Rua da Sofia?”. Tenho de confessar que não sei se ele me ouviu. Desconfio que, à força de tanto fado repetido, está com os ouvidos mais duros que eu estou de crença que isto se vá resolver. Sei lá! Às tantas, nunca se sabe…
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