segunda-feira, 6 de setembro de 2010

CMC: PARTICIPAR POLITICAMENTE COMO?


(IMAGEM DE LEONARDO BRAGA PINHEIRO)




 Como me queria inscrever na próxima sessão do executivo aberta ao público, que ocorrerá no dia 14 –e que terá de ser feita a inscrição obrigatoriamente com uma semana de antecedência-, hoje, cerca das 9H30, desloquei-me à Câmara Municipal de Coimbra.
Dirigi-me ao agente da Polícia Municipal que está à entrada e faz a triagem e reencaminhamento das solicitações. Perante o meu pedido, telefonou para o gabinete da presidência. Do outro lado, recebeu instruções para que a minha inscrição e a descrição do assunto fossem feitas no “atendimento”. Perante tais preceitos, lembrei o agente que, tomando em conta procedimentos anteriores, este arrolar foi sempre feito no andar superior e junto do gabinete da presidência. O funcionário, em óbvio assentimento, lembrou que foram as ordens recebidas. E lá fui eu para a secção de atendimento.
Retirei uma senha que marcava 9H37 e aguardei o meu número de vez no placard. Fui chamado eram 9H50. Perante o meu pedido de inscrição, a funcionária foi taxativa: “não é aqui…é no primeiro andar”. Talvez para sublinhar alguma incerteza, virou-se para o colega do lado e interrogou: “olha lá, para a inscrição da sessão pública do executivo… é lá em cima, não é?”. “É!”, ratificou o colega. Aproveitei para mandar o meu primeiro desabafo:” que diabo, não está certo fazerem esperar uma pessoa durante 13 minutos, apenas e só por descoordenação de serviço. Eu já vim cá mais vezes e a inscrição foi sempre feita lá em cima”. A funcionária, talvez preparada para defender a sua dama, passou ao ataque: “e porque é que o senhor não foi lá directamente?”. Naturalmente que não podia, tendo em conta que o funcionário da Polícia Municipal está ali para controlar os ingressos, respondi.
Depois de trocar umas impressões de descontentamento com o agente encaminhei-me para o primeiro-andar. Bati à porta do gabinete da presidência. Veio uma senhora, e depois de lhe explicar ao que vinha, disse: “aguarde um pouco, se faz favor!”. Só passados mais de 15 minutos a grande porta presidencial se voltou a reabrir. Eram 10H10. Mais uma vez voltei a reiterar que esta falta de consideração por um munícipe que pretende intervir numa sessão pública é inadmissível. A funcionária, dividida em o riso simpático e o sarcástico, lá foi dizendo: ”então, não percebo porque não lhe aceitaram a inscrição no atendimento…o senhor até já cá veio tantas vezes!”. Lá me deu uma folha normalizada onde constava umas linhas para a identidade e morada e outras para o assunto em causa. Depois do preenchimento, saí do hall do gabinete da presidência eram 10H20. Ou seja, para fazer uma inscrição, que deveria ser simples, directa e facilitada, demorei 50 minutos.
Quando é que o(s) executivo(s) camarário(s) entende(m) que estes pequenos obstáculos são fatais para o comum do cidadão? Será que estas barreiras de acesso serão intencionais? Porque se anda a gastar tempo, latim e dinheiro na educação dos jovens, apelando à participação política democrática, se, na prática, aparentemente, ninguém está interessado em ouvir o cidadão?

3 comentários:

A.R. disse...

Sofrer estas experiências e ter coragem e capacidade para as denunciar é um desafio e estimulo.
Não será em vão se ,quando chegar altura dás próximas eleições,nos lembrarmos destas e outras afrontas à cidadania.

Anónimo disse...

CARO MUNICIPE!
TEM TODA A RAZÃO. O PROBLEMA NÃO SÃO OS FUNCIONÁRIOS, MAS SIM O PRESIDENTE DA CÂMARA QUE TRANSMITE ESSAS ORIENTAÇÕES.
O EXECUTIVO NADA TEM HAVER COM ESTE TIPO DE DIFICULDADES.
ESPERO QUE SEJA BEM SUCEDIDO NO PROBLEMA QUE VAI LEVAR Á SESSÃO.
CÁ ESTAREI PARA VER.

Sónia da Veiga disse...

Até parece de propósito, a ver se o pessoal desiste... :S