domingo, 6 de dezembro de 2020

MEALHADA: CABRALISTAS AO PODER

 

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



Na edição desta semana do semanário Jornal da Bairrada (JB), um artigo de opinião faz parar tudo. Com o título “Entregaram o ouro ao bandido?”, Carlos Cabral, ex-presidente da Câmara Municipal de Mealhada durante 14 anos, até 2013, e eleito pelo Partido Socialista (PS) – e que viria a desvincular-se do PS já este ano de 2020 por altura da venda do capital da Escola Profissional Vasconcelos Lebre por parte da autarquia a um grupo privado -, dando nome às coisas, faz ler duas vezes o artigo em questão.

Escrevendo do alto magistério de reputação que se lhe reconhece, sem receio de ferir susceptibilidades dos seus antigos camaradas de partido e sobretudo o seu sucessor na cadeira do poder, Rui Marqueiro, o antigo edil, sem papas na língua, acusa a Câmara e a Assembleia Municipal de, “com a faca e o queijo na mão”, a coberto do interesse nacional, menosprezarem o interesse das populações locais, “quando são perfeitamente conciliáveis”, e com a sua comparticipação política na aprovação de Interesse Municipal na denominada Linha da Concordância, “entregarem o ouro ao bandido”, como quem diz à empresa Infraestruturas de Portugal.

Não é que Cabral diga mais neste artigo do que já foi escrito até à exaustão por vários articulistas, aliás, em 29 de Outubro, último, no mesmo JB e em texto seu, já falava em que vários autarcas da Mealhada, com o seu voto favorável, “entregaram a faca e o queijo” sem conseguirem em troca o que era essencial para as comunidades abrangidas. Mas há quesitos que se levantam.

O busílis da questão reside em duas premissas: primeiro, pela clarividência do artigo, bem escrito e, em lanças bem afiadas, a atingir em cheio a máquina socialista na terra do leitão. Segundo, com mais este artigo, mais que certo, é o anunciar às gentes da Pampilhosa e Travasso que está quase disponível para encabeçar um movimento de cidadãos nas próximas eleições autárquicas, que decorrerão no próximo Outubro.

A ser assim, com uma cajadada certeira mata-se duas formigas (agora não se pode nomear os cães). Uma, pegando nas “mortalhas ensanguentadas” dos prejudicados pela escabrosa decisão, lava a alma e dignidade perdidas dos vários proprietários por onde passa a linha – incluindo os pampilhosenses e a sua Estação com promessas incumpridas pela IP - no conturbado processo da Linha da Beira Alta. Outra cajadada à vista, é que a vingança serve-se fria. Se Cabral nas próximas eleições vencer a Câmara Municipal como independente, como considera ter sido destratado pelos membros do seu antigo grupo partidário, um dia, quando morrer, vai levar um sorriso aberto no rosto.

Estarei enganado?

Sem comentários: