quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

MEALHADA: ONTEM HOUVE ASSEMBLEIA MUNICIPAL VIA INTERNET. VOCÊ SABIA?

(imagem da Web)



Ontem, 29 de Dezembro, a iniciar às 20h00 e, após votação de continuidade além das quatro horas e meia de duração, a terminar às 2h30, nesta madrugada, desta Quarta-feira, realizou-se a última sessão Assembleia Municipal deste ano de 2020. O particular e curioso é que foi realizada em video-conferência, através da Internet, pela Zoom Comunicações.

Em preambular, teve uma parte desinteressante e outra pelo contrário.

Comecemos pelo menos bom: como já nos vem habituando, o município mealhadense, para além do Edital da convocatória na página oficial enterrado nas catacumbas do site, nunca faz publicidade às suas reuniões executivas e de assembleia. Esta de ontem, transmitida em directo, por exemplo, não deveria ter sido noticiada pelas várias páginas digitais do concelho e até pelo Jornal da Mealhada? Acerca desta razão para este inqualificável apagamento desinformativo, cada um pode especular, mas, seja lá qual for, o governo local de maioria PS fica muito ofuscado na fotografia.

Continuando no menos feliz, a abrir o debate a presidente da Assembleia Municipal, Daniela de Melo Esteves, para além de informar que a conferência estava a ser transmitida da autarquia, deveria ter advertido o “auditório” de que, após o Período de Intervenção destinado ao Público, os assistentes via Internet não poderiam comentar absolutamente nada, isto porque a conferência estava a ser realizada em circuito fechado aos eleitos, mas com abertura ao público inscrito – no caso 53 assistentes particulares. Ou seja, quem escrevesse um qualquer comentário iria interferir nos trabalhos. Ora, como a mancha cai sempre onde nunca se pensa, pela minha ignorância, eu fui o “broncas”, ao comentar várias intervenções. Embora levando no meu currículo dezenas de assistências a reuniões oficiais físicas (no lugar de cidadão), desta vez o meu desconhecimento digital era total. Pensava que havia um moderador a receber os comentários e a passar a inscrição dos deputados à presidente do hemiciclo. Ou seja, até ser advertido, durante pelo menos mais de duas horas, lá ia escrevendo, mais que certo, a fazer rir os eleitos. Portanto, sem o saber, eu estava a participar directamente na convenção.

A meu ver, alguma coisa terá de ser feito para, por um lado, permitir o público acompanhante a participar através de deixas, por outro, impedir que alguém com intenções menos nobres invada o espaço e provoque alarme. No meu entendimento, bastaria a criação de um moderador a receber a participação de todos os intervenientes, incluindo os eleitos, e, no caso de inscrições, passar a informação à presidente.

Focando o lado interessante, está visto que, embora com ajustes, este acompanhamento das reuniões oficiais é o futuro a passar na Mealhada. Basta dizer que até por volta da meia noite estiveram presentes 53 espectadores. À hora em que encerrou, cerca das 2h30, havia 43.

Ainda no positivo, salienta-se a boa prestação de Daniela Esteves, a líder da assembleia. Solta, simpática, cordata e ponderada, pareceu-me muito bem.

Ainda nesta parte, não fosse o inconveniente extrapolar desvalorativo de Rui Marqueiro, em resposta à deputada bloquista, Ana Luzia Quintela Santos Cruz, e o presidente da Câmara Municipal teria passado com 18 valores. Assim, pela mancha, levou 15. Não há dúvida que o velho leão sorrateiro tem uma capacidade argumentativa de excelência. A fazer lembrar o desaparecido Abecassis, na Câmara Municipal de Lisboa, de olhos quase semi-cerrados, mas com uma elevada qualidade de convencimento. Francamente, se, por hipótese, Marqueiro tivesse enveredado por vendas, por alienar o que quisesse, seria o rei das transacções. Até na tirada em que, sem ofensa e em metáfora, passou a mão pelo pêlo ao presidente da Junta de Freguesia de Casal Comba, foi de mestre. Em certas alturas, chegou a parecer-me um padre. Vá-se com ele à bola ou não, pela estratégia de fina argúcia, devemos tirar o chapéu à sua perícia argumentativa.


MAS, AFINAL, O QUE PASSOU?


Com catorze pontos em análise para serem votados, depressa chegou a meia-noite e meia, final do tempo regulamentar de quatro horas e meia. Após votação, continuaram os trabalhos noite adentro.

As grandes estrelas de deputados a salvar o universo representário foram, sem dúvida alguma, a bloquista Ana Luzia Quintela e o comunista João Manuel Lima Louceiro.

A primeira, calma, firme concisa, representou muito bem o Bloco de Esquerda. Aliás, a meu ver, a merecer um lugar no futuro executivo a eleger no próximo Outubro.

A segunda estrela, João Louceiro, sem dar descanso nas interpelações a Marqueiro, esteve muito bem. Talvez se não juntasse tantas questões em pacote para cada intervenção a sua mensagem passasse melhor. De qualquer modo esteve muito bem.

Já, retirando um ou outro, como exemplo Nuno Santos, presidente da Junta de Casal Comba, a maioria dos seus colegas esteve muito aquém dos mínimos. Pareciam que estavam ali unicamente para o “aprovo” e “não concordo”. Já se sabe que tendo o PS maioria na assembleia havia uma certa necessidade de não desagradar ao chefe. Porém, o silêncio mostrado foi ensurdecedor. A falta de debate empobreceu a sessão. Uma pena, digo eu.

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