quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

FIM DE VIDA DO ANO 2020

 

(Imagem da Web)




Estamos em Dezembro. A menos de um mês do Novo Ano. A passo rápido aproxima-se o fim do ano de 2020. Em metáfora, pensemos que o tempo que agora acaba está em morte clínica. Os seus sinais vitais já não respondem. Nós, como amigos presentes na hora da despedida, estamos debruçados sobre o “ente” que está prestes a partir.
Muitos dos presentes no leito de morte, aparentemente pessimistas, com receio do que virá a suceder-lhe, parecem fazer tudo para reanimar os seus sinais vitais. Outros, mais realistas, como se
fossem dotados de mediunidade e, nos fluidos emergentes, vissem o espírito do quase finado a flutuar por cima, querem acabar com este sofrimento depressa. Em surdina, clamam pela legalização da eutanásia. Outros ainda, como acusadores públicos, apregoam aos presentes que, à luz das convenções internacionais, pela desgraça criada na humanidade, antes de morrer deveria ser julgado. Este 2020 deixou muita infelicidade e morte. Quantos milhões de pessoas, devido ao seu comportamento autista, destruidor e insensível ao sofrimento, levou à desgraça no país e no mundo? Quanta dor causou na classe média-baixa? Tanta frustração espalhada ao longo do ano corrente, sobretudo quando, por morte do antecedente 2019, deu a sensação de que iria ser muito melhor. E o que se viu? Dor, miséria, desespero e morte.

Como político em campanha eleitoral, fez exactamente o contrário do que parecia auspiciar. Por isso, os justicialistas, mesmo no leito de morte deste acabado 2020, não lhe perdoam. Acham que, nestas circunstâncias, para este criminoso, a morte é o melhor castigo que lhe pode acontecer. “Deverias padecer, maldito sejas ó 20 depois de 2000! Já que não podemos impedir a tua morte, ao menos, apodrece no inferno, ano do demo”, exclamam furibundos os desesperados de justiça.
Outros do imenso grupo, mais condescendentes, presentes na despedida do dois, zero, dois, zero, mais optimistas, tentam acalmar os pessimistas e os justicialistas, e, em tom paternalista, tentam convencê-los de que vale a pena aguardar o próximo 2021.

- Quem sabe como será? –exclamam, aos gritos para serem ouvidos.

Deixemos morrer este desgraçado em paz, e que o seu espírito não venha “encostar-se” ao vindouro. Tenhamos esperança no novo ano que vem aí, carago.

- Mas vocês não ouvem as notícias, ó optimistas?, isto está muito mau!” –interrompe um dos pessimistas com um murro na mesa.
- Claro que ouvimos, aliás, como todos vocês, mas, com este discurso negro apregoado e multiplicado até ao infinito, ainda me dá mais força para acreditar que estamos apenas a atravessar um deserto, e, como sabem, tudo é finito, logo, naturalmente, iremos encontrar um oásis para nos refrescarmos desta secura” – replica o optimista.
- Eu gostava de ser como vocês…”felizes, aqueles que acreditam”… -teima o pessimista – mas só se vê miséria em todo o lado… São lojas a fechar, são fábricas a cerrar portas… Isto está muito mau!… E o culpado disto é este renegado ano, que se não tivermos cuidado arrasta toda a humanidade para o fosso…

- Não sejam assim, porra! - interrompe um dos optimistas com brusquidão. Que culpa tem o 2020 de ter aparecido a pandemia?

Além disso, conforme as notícias, as vacinas estão a chegar. Vai tudo ficar bem!

- Achas mesmo que vai ficar bem? Atira o pessimista de chofre e a crescer para o outro. Essas denominadas vacinas mais não são do que um intravenoso que nos vai pôr à mercê dos controladores do mundo. Esta é a última machadada na liberdade individual. A partir da tomada da vacina todos passamos a cativos, instrumentos ao serviço do “grande Irmão”, como escreveu George Orwel, em 1949, no livro “Mil novecentos e oitenta e quatro”. Trinta e seis anos depois temos aí a tese materializada do grande escritor britânico, profetiza o pessimista.

- Só cá faltava essa… a teoria da conspiração! - atalhou o optimista em tom presunçoso.

Enterra o ano que agora acaba e esquece o que se passou. O ano que aí vem vai ser bom.


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