domingo, 13 de dezembro de 2020

NOTÍCIAS DE BARRÔ: O BOM FILHO À CASA TORNA

 

(Foto de arquivo)




Depois de trinta e três anos por terras helvéticas, António Dias Taveira – o Taveira como era reconhecido no meu tempo e na sua passagem pela escola primária da Lameira – regressou de vez à terra que o viu nascer, mais propriamente à aldeia de Barrô.

Decorria o ano de 1987 quando o Taveira, fazendo um balanço entre o que tinha à sua disposição e o futuro que se aproximava a passos largos, rumou à Suíça, um país montanhoso e situado no centro da Europa considerado à época o eldorado de alguns barrosenses e muitos outros milhares de nacionais.

Como exemplo do português “self made man” que tão bem conhecemos, sem qualquer receio, metendo as mãos ao que aparecia para alcançar a desejada tranquilidade pessoal e familiar, começou por trabalhar numa quinta agrícola (“une ferme”, como recorre o António, ainda muito familiarizado com o francês) onde fazia o que era necessário.

Depois de poucos anos na agricultura, foi para uma empresa de construção onde se manteve também alguns anos.

A seguir, numa experiência que considera única e de grande formação humana, encaixou-se numa casa mortuária. Durante cerca de uma dezena de anos, dando cada vez maior valor à vida, conviveu de perto com a morte.

Para terminar a sua faina laboral em beleza, manteve vários anos e até há pouco a ligação a um escritório que tratava de tudo o que respeitasse a correspondência.


UM FIOZINHO CHAMADO SAUDADE


Mesmo com a inolvidável maravilha natural dos lagos, das vilas, dos picos elevados dos Alpes suíços, o António, naqueles momentos de maior introspecção, dava por si a pensar na sua pequena aldeia, Barrô, aquele enclave situado entre a Mealhada e o Luso, onde se encontram os seus ancestrais. Tinha muita saudade do Sol que beija as cercanias desde a Ribeira do Salgueiral até ao alto do Couto, no ponto norte da povoação. Tinha nostalgia dos seu familiares e, apesar de estar afastado há muitas décadas, das gentes humildes do lugar. É certo que os mais novos, os filhos da velha geração, não os iria reconhecer. Mas, tinha a certeza, sendo o povoado historicamente decano na arte de receber, tudo iria correr bem.

É também certo que a decisão de regressar às origens juntamente com a sua esposa implicava separar-se dos seus quatro filhos, todos já com a vida organizada na nação dos trilhos e estações do esqui e dos célebres bairros medievais, mas o corte nunca seria definitivo, de tempos a tempos voltaria a abraçar os seus, o sangue do seu sangue.


E COMO VÊS BARRÔ, AGORA?


Na comparação entre a povoação que deixou em 1987 e hoje, António Taveira não tem dúvidas: “não tem nada a ver com esse tempo! Mas vejo isso a duas velocidades”.

A primeira, hoje, para seu contentamento, todas as ruas estão alcatroadas – embora umas melhor que outras. Nota-se uma grande preocupação geral com o meio-ambiente. A limpeza é uma constante. Nota ainda que, aparentemente, todos os habitantes têm um nível económico muito acima do que se vê noutras terras.

A segunda, apesar de ainda estar aqui há pouco tempo, apercebe-se que, quando anda por aí a passear os cães, não se vê ninguém nas ruas. “Ora, embora tente entender os novos costumes, isto é uma total contradição com o nosso tempo de meninos”, enfatiza.

Em meu nome pessoal e em nome do nosso lugar de eleição, se posso escrever assim, apresentamos as nossas cordiais saudações e as boas-vindas ao António Taveira.


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