sábado, 20 de dezembro de 2014

UMA TARDE DE SÁBADO QUE ATÉ PARECIA NATAL



Faltam quatro dias para o Natal. Para a maioria de comerciantes com quem tenho falado é uma época para esquecer, comparando com o ano anterior e apenas para relativizar já que desde há uma década que o negócio tem vindo a baixar drasticamente. Como animal que, pelas mudanças de ambiente na natureza, é obrigado a adaptar-se às circunstâncias, o comerciante, sempre a encolher-se é cada vez mais um sitiado encostado na parede e que já não pode recuar mais. Desde a publicidade até comunicações e hábitos, já cortou onde podia e por isso mesmo olha para o Céu em busca de uma estrela brilhante que lhe indique o caminho e lhe dê esperança para um Ano Novo que, tal como os impostos, está prestes a entrar sem pedir licença e a fazer parte da sua vida atribulada de preocupação.
Durante a semana vê-se a Baixa muito despovoada de pessoas nas ruas e os estabelecimentos, com patrões e empregados de braços cruzados à espera de quem não prometeu vir, disso mesmo dão conta.
Hoje é Sábado e as artérias desta zona velha estão movimentadas com transeuntes. Durante a manhã esteve animada, com a actuação dos Dixie Gringos e uma feira de Artesanato Urbano a decorrer entre a esplanada do Café Santa Cruz e as Ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges –na minha avaliação, a intencional vontade camarária de deixar livre a Praça 8 de Maio resultou muito bem e trouxe alguma dignidade a este vetusto largo em frente ao Panteão Nacional.
Mas o pleno, a invasão de gentes de todos os quadrantes e vindas não se sabe de onde, foi mesmo durante a tarde. Praticamente com todas as lojas de comércio abertas ao público foi um encanto sentir esta área de antanho a reviver tempos idos de saudade e a vibrar de emoção. Em complemento, a contribuir para a vinda de uma parte da cidade fugida que, como caracol a esticar da concha e a espreitar o Sol, aos poucos está redescobrindo uma zona de encantar, foi também o espectáculo das “montras vivas”, em que em muitas vitrinas de vários estabelecimentos estiveram manequins de carne e osso. A verdade é que este evento, pela diferença para melhor, veio dar um outro colorido e alegria a esta parte histórica. Portanto, estão de parabéns a APBC, a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, e a Câmara Municipal de Coimbra, parceiros neste projecto “Natal Baixa de Coimbra 2014”. Com um orçamento racional, sem exageros e envolvendo várias entidades, estão a fazer-se coisas interessantes.
Se é certo que muita parra não é sinónimo de muita uva, mesmo em meio silogismo há sempre algo de verdade: havendo gente há sempre negócio para os lojistas em geral. Creio por isto mesmo que todos, mas todos, ficamos mais contentes e a ganhar, quer quem veio de novo em visita sentiu um terno reconforto com o que viu e levou para casa uma enorme vontade de voltar, quer quem por cá tenta ganhar a vida e experimentou uma nova esperança, mais viva e reforçada.

Sem comentários: