terça-feira, 9 de dezembro de 2014

UM MILAGRE NO NATAL

(Imagem da Web)



Há cerca de um ano o meu amigo, num terno abraço e encostado no meu ombro, chorou como só quem sofre um rasgão na alma pode lacrimejar assim. Com meio século levou a maior bofetada que um pai pode apanhar do destino: o seu filho único, com pouco mais de 20 anos, na flor da primavera vital, acabara de se suicidar. Que pai e mãe pode aguentar uma tragédia assim na sua própria casa de família? Quando toda a luz existencial dos pais estava projectada naquele jovem aparentemente cheio de felicidade, como entender um acto derradeiro nunca até aí anunciado? Como aceitar que o seu menino, a maior estrela dos seus olhos, bom aluno e a finalizar o curso universitário, a namorar como qualquer jovem da sua idade acabara de pôr termo à vida? Mas a Natureza, ou Deus para quem acreditar, fecha uma porta e abre uma janela. Agora com 50 anos, a esposa triste, solitária, desgostosa com a bofetada do acaso, que eu vi há um ano atrás, hoje é uma mulher feliz: vai ser mãe de gémeos. Depois de uma inseminação artificial bem-sucedida, dentro de pouco tempo vai sentir nos seus braços a razão do seu viver. Só pode mesmo ser um milagre de Natal!

1 comentário:

Super-febras disse...

Amigo:
Hoje, amigavelmente discordo da leitura que faz, não ao inevitável da vida que são os subitâneos bons, maus e terríveis eventos que mais tarde ou mais cedo a todos atinge, nesta lotaria em que não escolhemos números favoritos ou necessitamos de comprar cautela, mas sim pelo facto de chamar milagre à ciência que hoje, para nosso bem ou mal, nos permite criar o que em biliões de anos e até à uma geração atrás só ao Criador era possível.
Milagre foi a coragem com que esta senhora resolveu continuar o seu trajecto terreno, não por uma estreita, negra viela em nojo continuo, como por nós sarcásticos humanos era esperado, mas sim por uma estrada soalheira, de esperança, de valor e auto-estima .
Só porque chegou a noite não quer dizer que o sol se apagou...

Um abraço ao meu amigo e se até lá não "blogarmos" um Bom Natal e um próspero ano novo cheio de letras, pontos e vírgulas .

Álvaro José da Silva Pratas Leitão