O homem, de óculos escuros e
chapéu na cabeça, a comer uma sandes e a beber um copo de tinto, de três, está recostado ao balcão da
taberna mais popular das ruas estreitas da Baixa da cidade, onde as noites
serenas pernoitam até ao raiar da aurora. A Mariazinha, a dona da tasca com o
mesmo nome na Rua do Almoxarife, interroga: então senhor Aurélio, está tudo
bem? O senhor faça o favor de se sentir à vontade. É só pedir, senhor Aurélio..”
Enquanto saboreia mais uma pinga
daquele néctar, certamente confeccionado a pensar em algum repasto seráfico, retira
um guardanapo, limpa a boca e diz: “Obrigada, Mariazinha! Estou muito melhor.
Olhe que estava cego de fome e sede. Continuo cego, mas pronto para resistir
até amanhã. Bem-haja, Mariazinha! Valeu a pena!”
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