quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

PESSOAS CHATAS COMO AS MELGAS





Já escrevi aqui que gosto de ouvir as pessoas. É destas histórias que vou beber para escrever. Mas às vezes levo cada seca que... meu Deus!, fico completamente esgotadinho. Ainda agora apanhei uma! Deve-se apreender nas frases –de certeza. Então não se nota que as palavras estão mesmo esganiçadas, assim do tipo de uma ninhada de gatos e o último é mesmo enfezadinho, coitadinho? Pois! É isso mesmo. Eu vi logo que nem precisava de me explicar muito. Você faz parte do grupo mais inteligente que anda por aqui nas ondas cibernéticas. Pela honra da minha galinha Gertrudes. Ó larilas!
Dizia eu então, para não me dispersar. Que acabei de levar um esfreganço que nem lhe conto. Acho que era mais fácil tirar os três vinténs à menina Lurdinhas, que tem 85 anos e ainda é virgem –que deveria ser muito custoso. Ai de certeza! Se calhar só assim com compressor. Já não se vai lá com simples Black & Deker”. A menina Lurdinhas, desculpem lá, até me esqueci de a apresentar: é aquela velhota muito esquizofrénica, que mora no 13 e que é mesmo detestável. Estão a ver quem é? Isso. É essa mesmo! Tem uma verruga por cima da beiçoleta e enfeitada com uma grande bigodaça. É tão linda que nenhum homem a aproveitou para ensaiar a cópula.
Bom, desculpem lá que a escrita é como a água-de-colónia, a gente toma banho naquilo e cheira sempre ao mesmo. Fui claro, não fui? Vamos lá então continuar. Eu estive agora mesmo a falar com uma senhora que, para além de falar com a boca, também falava pelos cotovelos. Contou-me a vida toda. Eu, apesar de ser quase santo, pela paciência –só se for mesmo por isso-, já não aguentava mais. Mas ela falava, falava, e eu que até sou agnóstico, ao ver-me afogado em tanta conversa –já me faltava o ar-, mentalmente, pedia a um qualquer santo menos sensível, que não ligasse às minhas parvoíces, e que nesta hora de aflição me valesse. Mas nada! Nem a imagem do santo Padre Cruz me valia. Dirigi-lhe as minhas preces, porque dizem que os santos padres são mais bonzinhos que os outros santos, mas qual quê? Ninguém me socorria. E a senhora não parava de me metralhar. Sim porque ela devia ser mesmo filha de alguma G3 antiga do exército. Quando estava prestes a terminar um tema, e eu já estava quase a erguer as mãos ao céu em agradecimento. Pumba! Punha a mão na carteira –uma daquelas que todas as mulheres têm, estão a ver, não estão? Estão de certeza! Quem é que não conhece o escritório ambulante do caos de qualquer mulher? Para tirarem, por exemplo, o telemóvel quando está a tocar –imaginem se não estivesse!- depois de dezenas de apalpadelas, acompanhadas com o habitual lamento “ele deve estar por aqui…ele deve estar por aqui". Para o encontrar finalmente, depois de passados quinze minutos, tem de despejar tudo em cima de uma superfície plana.
Então a minha “paciente” –sim, porque a ouvir assim eu poderia ser perfeitamente psicólogo-, mete a mão lá na carteira (que não tem fundo, já sabemos!) encontra lá uma peça que lhe lembra algo passado e catrapumba! Lá engata outra história. “Está a ver esta peçazinha, está? Isto foi o meu paizinho que ma ofereceu quando eu tinha 17 anos. Quer que lhe conte? Quer?”.
Ai senhor! Só pelo enfado que você demonstra a ler este texto, já dá para você me entender. Não fui muito chato, pois não? Quer que eu lhe conte mais um bocadinho? Está bem, pronto! Não conto. Não precisa de se irritar. Já tinha percebido…

1 comentário:

Anónimo disse...

Está divinal.