quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O CASAMENTO GAY EM ÚLTIMA NOITE DE SOLTEIRO





O Governo aprova hoje o projecto de lei que pretende legalizar o casamento homossexual”, in Diário de Notícias (DN).
Ainda segundo o DN, “Na AR (Assembleia da República), o diploma deve ser aprovado, mas pode ser travado pelo Presidente da República (PR). Constitucionalistas como Jorge Miranda, Paulo Otero e Costa Andrade garantem que o PR tem argumentos para recorrer ao Tribunal Constitucional”.
Já o escrevi aqui, que esta questão não me preocupa absolutamente nada. Eu não tenho problema nenhum em ter por vizinho um casal de homossexuais. A meu ver, a terem realmente um problema –sobretudo de reconhecimento pela sociedade- serão mesmo "eles”, aqueles que pugnam legitimamente –sim, eu escrevi “legitimamente”- pela liberdade de terem o direito a outras inclinações ou opções sexuais.
O que quero dizer é que sinto não ser um problema meu. Sou assumidamente heterossexual. Nunca tive nenhuma experiência homo –está bem! Ainda não é tarde, eu sei!. Sou liberal e libertino quantidade que baste. Tenho um livro pronto a dar ao prelo proximamente –será, quase certo, de edição de autor, porque nenhuma editora acredita que serei um escritor em potência- que fala de sexo que até aborrece. Alguns amigos meus que o leram começaram por arranhar na cabeça e, titubeando, para não me magoarem, lá foram dizendo “ó pá!, a linguagem é dura. Não podes moderar aquelas caralhadas?”. O problema é que não posso mesmo. O livro é baseado numa história real e, conhecendo eu bem os personagens, colei-me, como grude, ao desenrolar do romance. Depois, acho, eu que sou completamente inexperiente a escrever livros, sou burro que nem uma besta, passando a redundância.
Estou a marimbar-me se vou vender 200 ou 1000 –parece que, na forma como coloco a questão, esta é despicienda. Nada disso. Pelo menos vender 200 é importante porque será o custo da edição que tenciono fazer. Para além deste número, depois de salvar o custo, já não me importo. Tenho a certeza de que não serei candidato ao Pulitzer ou ao Nobel. Escrevo porque me dá prazer. Se pudesse escolher o futuro seria isso que faria. Pronto!, mas já chega de publicidade barata. Vamos ao que interessa.
Continuando na polémica do casamento homossexual, quem sou eu para me arvorar em defensor de um certo tipo estereotipado de família tradicional que, como os pirolitos, não existe mais? Que, ainda por cima, a meu ver, no modelo defendido, é profundamente hipócrita. Acho giro, porque, verdadeiramente, nesta contenda é que se vê quem é de esquerda e de direita. Naturalmente que os que são a favor serão de esquerda. E aqui é que reside o busílis da questão: eu não sei onde me colocar. Juro pela alminha da minha avó Madalena, que era um amor de pessoa. Tenho umas tiradas, como esta do casamento gay, que até parece que sou mesmo do cunho Cunhalista, mas logo a seguir, se preciso for, defendo o direito –defendo mesmo- do presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão de erigir um museu a António de Oliveira Salazar. Ora, por aqui vê-se que devo ser mesmo destrambelhado. Uma espécie de criatura híbrida, que nem é carne nem é peixe –Calma aí! Já sei o que está a pensar, nada disso! Na minha inclinação sexual não tenho dúvidas!
Talvez seja um filho bastardo de pai esquerdino e mãe “pró” Kaulsa de Arriaga. Sei lá! Ou talvez o contrário, filho de pai Barreirinhas Cunhal e mãe Joana Amaral Dias -ai quem me dera!, trocava a minha mãezinha velhinha e mais um tio, para me poder acolher no seu colinho!
 Confesso, ainda ando a ver se marco uma consulta de psicanálise para ver se me encontro. É que isto é mais problemático do que parece. Já viram uma pessoa, num jogo de futebol –que também não gosto-, não poder tomar posição a favor de nenhuma das equipas por falta de convicção? Isto é muito complicado. Sinto-me assim uma espécie de Sílvio Berlusconi em catarse, a questionar o alter-ego, para que lado há-de cair, ora para os braços de uma loura, ora levar na cornadura de um qualquer macho-latino ressabiado. Não sei se fui muito claro…se calhar não.
Voltando outra vez ao véu e grinalda, que raio!, deixem lá as pessoas serem felizes. Cada um que faça o que lhe dá na veneta. Se ser gay fosse contagioso, ou provocasse dependência, como a droga, palavra, até era capaz de me imiscuir, mas, parece-me –sim, parece-me, não tenho a certeza, pela fobia que provoca na colectividade- que não tem efeitos secundários.
Portanto, estava eu a escrever, que o meu amigo -que ainda um dia há-de ser por me condecorar por ser mesmo um tipo anódino e completamente vulgar- Cavaco Silva, não tem nada que fazer ondas neste pequeno lago luso de águas mansas. Depois de, em Novembro último, já ter devolvido a lei ao Governo -uma vez chega!-, promulgue lá o diploma e deixe-se de tentar agradar à direita e piscar o olho à esquerda. O casamento gay não fazia parte do programa do PS? Não ganhou as eleições? Ganhou, não ganhou? Então agora querem o quê? Os defensores do Referendo não terão coisas mais importantes para se preocuparem? Vão mas é apanhar gambozinos para o Choupal…

1 comentário:

Anónimo disse...

cada um faz a escolha que mais desejar.Como defendo o casamento ou união, como lhe queiram chamar, fico satisfeito.Penso que é a primeira coisa que o governo PS cumpre do seu programa eleitoral, antes isso.