sexta-feira, 27 de junho de 2008

UMA SALVA PARA O BASTONÁRIO



Confesso que, na forma, não gosto muito do estilo do Bastonário dos Advogados, Marinho Pinto. Admito que, nesta apreciação, possa estar a ser influenciado pelos seus antecessores. Até aqui, têm sido pessoas que raramente levantam o dedo ao poder político, ou, no limite, se o fizeram, é sempre sem fazerem “estrilho” e sem levantarem a voz. Como se, com o seu low profile, fizessem parte da mesma família e, assim sendo, família não lava roupa suja dos seus entes. É o chamado politicamente correcto, uma aberração de frase, em jeito de saco onde cabem todas as anormalidades e alarvidades, que, tendo-se consciência de o ser, se diz ao interlocutor o contrário daquilo que se pensa realmente. Tudo estaria bem se esta hipocrisia remediasse alguma coisa, porém, o que se têm visto, ao longo dos anos, é exactamente o cair em decadência social duma forma patológica. Claro que os seguidores de tal doutrina, do politicamente correcto, são os primeiros a chamarem a atenção para o estado do País e, normalmente para aqueles que os apontam à pedra para tal acomodação impostora, logo refutam que quem fala assim, só sabe criticar e nada faz. É a refutação chapa 5. Creio que já todos, ou alguns, já apanhámos por tabela.
Voltando a Marinho Pinto, dizia eu que não gostava do seu procedimento, algo trauliteiro, na forma, porém, devo confessar, concordo inteiramente com a substância. O Bastonário diz, sem papas na língua o que qualquer um de nós pensa em privado (e não diz em público). Então, como esta ambiguidade é um pouco difícil de manter, embora seja possível, no entanto, sacrifico a forma pela razão da substância e passo a dizer, claramente, que, embora não concorde cegamente com tudo o que diz, passo a gostar deste Bastonário.
Não é preciso ser presciente, como quem diz adivinhar, para ver que algo vai acontecer a Marinho Pinto. Ou vai ser deposto pelos seus pares, ou pelo poder político, ou pelos juízes, ou pelos sindicatos. Este homem, facilmente se vê, em vez de concentrar forças numa só testa de combate, está a enfrentar várias frentes, e as consequências evidentes serão a sua notória fragilidade. É muita batalha para um só general. E, logicamente e infelizmente para todos nós, vai perder a guerra. Está a mexer com muitos interesses e isso vai ser-lhe fatal. Se não lhe conseguirem administrar um vírus para uma qualquer constipação, que o manterá arredado do seu ministério, ainda vão dá-lo como louco.
Para o Marinho de Coimbra, transmontano de gema, um grande abraço pela sua coragem e uma grande salva de palmas.

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