Ontem, dia 16 do corrente Abril, a RTP, na rubrica “Portugal em Directo”, apresentou uma reportagem sobre o declínio da Baixa e nomeadamente do seu comércio de rua, dito de tradicional.
Ouvindo esta reportagem com atenção deparamo-nos com vários cenários diferentes. O primeiro, o dos comerciantes, que dizem sentir-se abandonados e, no seu dia-a-dia, se confrontam com cada vez menos pessoas e, consequentemente, menos vendas. Pressente-se o seu desalento e o seu grito de alerta e de ajuda à autarquia local e ao governo.
O segundo cenário, descrito por Paulo Mendes, presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, é notoriamente um discurso de economista, onde dispara a culpa em todas as direcções: “É da eliminação do rendimento disponível das famílias; é do aumento desenfreado de novos espaços; é da cidade e dos comerciantes que não se souberam adaptar aos novos tempos; é devido à alteração dos hábitos dos consumidores.
O terceiro cenário, comentado por Armindo Gaspar e presidente da APBC, Agência Promocional para a Baixa de Coimbra, é implicitamente um arrazoado político, onde impera o panfletarismo e apoio descarado ao executivo de Carlos Encarnação. Vejamos o que disse este senhor: “A APBC está atenta, vamos ter uma festa do pão, vamos ter isto, vamos ter aquilo; Há muita gente a circular na Baixa; Pela autarquia está a ser feito um trabalho no sentido de trazer mais pessoas para a Baixa. Naturalmente, ficamos muito satisfeitos com isso”.
O quarto cenário explicativo de Carlos de Encarnação, presidente da edilidade conimbricense, à pergunta da jornalista sobre o estado caótico da Baixa: “Nos últimos anos assistimos a uma queda claríssima da Baixa; É preciso reabilitar e reabitar a Baixa. O que eu quero é que esta área volte a ter vida, muita gente saiu daqui. Eu não tenho culpa disso. Eu vivo aqui perto, sou talvez dos únicos (que moram cá); É preciso que as pessoas entendam que por baixo os comércios estão muito bonitos e por cima os telhados estão a cair e desabitados”. Devo salientar, a título de melhor entendimento, que Carlos da Encarnação foi eleito presidente da edilidade em 2002.
A pergunta final: com estes amigos (políticos) a defendê-los, precisarão os comerciantes de inimigos?
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