sexta-feira, 18 de abril de 2008

BAIXA: NO MESMO CANAL, VÁRIAS FREQUÊNCIAS

No dia 16 do corrente Abril, a RTP, na rubrica “Portugal em Directo”, apresentou uma reportagem sobre o declínio da Baixa e nomeadamente do seu comércio de rua, dito de tradicional. Por pensar que poucas pessoas viram esta peça televisiva, conto aqui o essencial.
Ouvindo, e vendo, esta reportagem com atenção, vale a pena atentarmos nas declarações dos intervenientes. Os primeiros a falar, os comerciantes, disseram sentir-se abandonados e que, no seu dia-a-dia, se confrontam com cada vez menos pessoas na Baixa, e, consequentemente, menos vendas. Alegaram dificuldades em pagar os impostos atempadamente. Reivindicaram um fundo social que lhes permita sobreviver, em caso de insolvência, uma vez que não têm direito a subsídio de desemprego. Pugnaram, também, por uma linha de crédito que lhes dê possibilidades de fazer face ao actual momento económico difícil do País.
Nos seus rostos, nos gestos corporais, pressente-se o desalento e o seu grito de alerta e de ajuda à autarquia local e ao governo.
A segunda pessoa a ser entrevistada foi Paulo Mendes (PM), presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra. A jornalista, Andreia Neves, faz a seguinte pergunta: “A abertura de uma segunda grande superfície (na cidade) não explica tudo?!
Responde PM: “Não, não explica tudo. Há vários factores, uns nacionais, outros locais. Primeiro e, para mim, o mais importante de todos, é a eliminação do rendimento disponível das famílias, devido ao aumento de impostos; depois o aumento da oferta, desenfreada, de novas centralidades e de novos espaços; e também devido à alteração dos hábitos dos consumidores.
A cidade também não se soube adaptar, exactamente, por culpa, também, dos comerciantes e de outros operadores, que não se souberam adaptar às novas práticas comerciais. O figurino da cidade, da Baixa, leva a que a circulação seja extremamente difícil. Penso que com a abertura da futura avenida central virá revolucionar completamente a circulação da cidade, seja com o Metro de superfície, seja com outra circulação automóvel”.
O terceiro, a prestar declarações, foi Armindo Gaspar (AG), presidente da APBC, Agência Promocional para a Baixa de Coimbra. Pergunta a jornalista: “Que iniciativas é que têm sido feitas para trazer gente à Baixa, gente que compre?
Responde AG: “A Baixa é muito movimentada durante o dia. Naturalmente que nós temos de procurar dinamizar e encontrar soluções de forma a que os clientes, além de passarem, também comprem. Esta Agência tem realmente essa função que é criar iniciativas e fazer com que as pessoas venham à Baixa. Vamos ter outras actividades, vamos ter uma festa do pão, temos muitas actividades, vamos ter muita animação.
(…) A APBC está atenta. Há muita gente a circular na Baixa; A habitação está a ser, também, feito um trabalho, pela autarquia, no sentido de trazer mais pessoas para a Baixa. Nós enquanto Agência de Promoção para a Baixa, naturalmente, ficamos muito satisfeitos com isso. E temos aqui outro projecto que é fundamental para a Baixa, que é a passagem do Metro. A Baixa precisa de algo de novo, e, naturalmente, o Metro ao passar na Baixa cria uma nova passagem, um novo corredor, que vai transmitir uma ideia renovada da Baixa”.
O quarto entrevistado foi Carlos da Encarnação (CE), presidente da edilidade conimbricense. Pergunta a jornalista: “A Câmara não se tem poupado a esforços, isto, para ver o que é que se pode fazer para dinamizar a Baixa. Quais é que poderão estar no terreno?”
Responde CE: “Nos últimos anos assistimos a uma queda claríssima da Baixa; É preciso reabilitar e reabitar a Baixa. O que eu quero é que esta área volte a ter vida, muita gente saiu daqui, não é verdade? Eu não tenho culpa disso. Eu vivo aqui perto, sou talvez dos únicos (que moram cá); É preciso que as pessoas entendam que por baixo os comércios estão muito bonitos e por cima os telhados estão a cair e desabitados (…)”.
Intencionalmente não opino ou teço qualquer juízo de valor. As considerações finais ficarão ao livre arbítrio de cada um.

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