Amanhã é dia de aniversário,
para uns quantos data importante,
ufanos, de cravo vermelho ao peito,
gritarão: viva o Abril revolucionário;
Vão lembrar os mortos desaparecidos,
manifestando, em slogan, vão apelar,
palavras de ordem, em coro, vão gritar,
suavemente, lembrarão heróis queridos;
Olharão para trás e verão rostos rugados,
arrastando o andar, perdidos na multidão,
de braços erguidos, religiosamente, suados,
que do povo, novos homens emergirão;
Para outros é simplesmente um feriado,
uma “sexta”, ponte de fim-de-semana,
não sabem o que aconteceu lá longe,
que razões para o regime ser apeado?;
Caetano –é cantor?- Salazar é da moda, não é?
Que interessa o passado com cheiro a mofo?
O que importa é o presente, e o dia-a-dia,
a história do país pouco diz cá ao novo Zé;
“Quero lá saber do tempo passado e das revoluções,
preciso de emprego, quero lá saber da festa,
dos cravos murchos, das rosas desmaiadas, homessa!
Estou desempregado, não tenho tempo para comemorações".
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