quinta-feira, 10 de novembro de 2022

REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL: O CASO DO DIA




Depois de uns dias de ausência no Brasil na cidade de Gramado, em Rio Grande do Sul, num evento sobre turismo promovido pela CIM, Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, alegadamente, cujo objecto da viagem foi a captação de turismo para os interessados de entre os 19 concelhos que compõem esta agregação, esperava-se hoje, na reunião da Câmara Municipal de Mealhada, um António Jorge Franco de pele torrada, vestido com camisa às flores, chapéu de palha na cabeça e, enrolado no pescoço, um cordão de sementes tropicais e na ponta um medalhão com “Y” invertido, a simbolizar a paz e o amor.

Mas, pelo contrário, vá-se lá saber a razão, regressou um turista mais tenso do que aquele que partiu. E, numa antítese do que nos tem habituado, logo ao abrir a sessão camarária, como se pegasse numa bazuca, apontou ao seu opositor e “PUM”!

Com um discurso, calmo mas preciso, de cilindrar tudo o que mexesse, o presidente da autarquia atirou sobre o chefe da oposição e suas tropas. Numa introdução algo inusitada, disse que no início, na qualidade de líder do Movimento Independente Mais e Melhor, antes das eleições, “fui abordado por um cidadão do concelho, que tem ligações a um partido do concelho, no sentido de me demover a continuar a criar o Movimento. Ou seja, para que eu desistisse de avançar com uma suposta candidatura, na altura, (…) à Câmara Municipal de Mealhada. A forma como fui abordado, foi através de alguns argumentos, que eu vou aqui (…) transmitir... dois argumentos que na altura não estaria a contar que viessem dessa forma. Uma delas, que o Dr. Rui Marqueiro iria utilizar todos os meios para me destruir, caso avançasse com a candidatura. (…) Como não aceitei, no decorrer dessa conversa, transmitiram-me claramente que a melhor forma era eu ficar quieto, não falar, não avançar com nada, que, certamente, teria um lugar, foi falado, poderia ir para a Fundação Mata do Bussaco. Eu transmiti logo que não aceitaria (…) Durante, depois, a campanha, apareceram aí algum ruído sobre a existência de três processos (...) durante o tempo que estive quatro anos na Câmara Municipal e quatro anos na Fundação Mata do Bussaco. Um deles já veio do Ministério Público e cujo denunciante foi o Dr. Rui Marqueiro. (…) Por não se detectarem irregularidades, foi arquivado.

Durante largos minutos nem um respiro se ouviu. Até Marcelo, em pose institucional na parede do fundo, sempre pronto a mandar “bitaites”, ficou mudo e quedo.

O próprio Marqueiro, visado na acusação e sempre pronto a interromper qualquer dissertação, desta vez ficou caladinho à espera que lhe fosse dada a palavra.

E quando a oportunidade chegou, numa voz suave e melosa, disse: “É verdade, fui o autor da queixa! E a abertura de instrução é uma hipótese…

Atrás do chefe da oposição, sempre vigilante aos desvios e vícios protocolares, o busto da República, sem conseguir disfarçar o incómodo, não sabia se deveria, ou não, desmanchar-se em prantos escorridos e carantonhas de tristeza. Coitadinha da senhora. Até dava pena. Com um olhar macilento e sofredor parecia interrogar: “O que é isto? O que é que eu faço com estes dois? Que mal fiz eu para merecer tamanha sorte? Volta Monarquia, que eu estou farta!

 

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