Vacila como uma cana no canavial tocada pelo vento,
tropeça aqui, tropeça ali, vai estatelar-se ao comprido,
provoca risos e mais risos em catadupa, até no jumento
a pequenada, arrostando em magotes, dá alarde e ruído,
a cena teima em repetir-se, já poucos ligam ao momento,
devagar, a embriaguês vai sendo consentida, sem gemido,
vai ao chão com fragor, ninguém olha ao descoroçoamento,
p'ra ali fica abandonado, passa um, passa outro, é bandido,
não tem ajuda, é adito, é viciado, é a mancha do convento,
é o espelho de nós, mostra a fragilidade humana, o caído,
espuma pela boca, o desgraçado, fala sozinho, sem lamento,
não há culpados, de pouco valeria, nunca seria reconhecido,
só ele é responsável pelo seu abater, queda e esmorecimento,
fosse um cão, fosse um gato, não tardaria em ser socorrido,
viriam os bombeiros para salvar o animal de amor sedento,
como é uma pessoa sem respeito, sem alma, é esquecido,
o que fazer para mostrar que aquele vulto não é excremento?
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