segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A BAIXA VISTA DA MINHA JANELA






POR MÁRCIO RAMOS

Metro Mondego, uma marca bem conhecida, pela negativa, dos habitantes do distrito de Coimbra.
Recentemente, a favor da suspensão para as calendas, tivemos o anúncio de outro estudo. De estudo em estudo cá se vai adiando a obra, a meu ver, essencial para os destinos de mobilidade da cidade e da região. Já muito se falou do Metro Ligeiro de Superfície; as obras que foram feitas, as que não foram feitas, a destruição de parte da baixa, os balúrdios despejados pelo cano, enfim, muita tinta e papel, muitos neurónios já foram e continuam a serem estafados.
Junto à Câmara Municipal, supostamente, três prédios tinham o destino marcado, eram para ir abaixo. Com isto em mente pelos iluminados administradores da empresa, alegadamente pelo interesse maior do projecto, encerraram dois estabelecimentos carregados de história, na Baixa: o restaurante A Democrática e a loja de Brinquedos Joaninha. Depois, como passe de mágica, deslocalizou-se a farmácia mais para o lado, para o espaço da desaparecida Joaninha.
Para além disso, neste espaço em frente à Caixa Geral de Depósitos, há vários anos, foi cedida, gratuitamente, pela empresa Metro Mondego uma loja à Associação Desenvolvimento e Formação Profissional, de Miranda do Corvo, para comercializar produtos endógenos da Serra da Lousã. Ao que parece, até estava a ter negócio saudável. Subitamente, há uns meses, tudo se alterou. A Câmara decidiu instalar andaimes e painéis, a mostrar como iria ficar a prometida obra da futura Avenida Central, desde o prédio da farmácia até a pastelaria Palmeira. Este acto de obstaculizar a entrada resultou na perda significativa de clientes o que levou a fechar o estabelecimento.
Depois desta moldura predial, muitos pensaram que a via larga entre a Caixa Geral de Depósitos e o rio ia avançar rapidamente, mas o tempo vai passando e não se vê sequer um trabalhador a dar uma cavadela.
Se antecipadamente se sabia que esta importante obra estruturante para a Baixa não ia avançar porque se insistiu em meter os andaimes? Não era lógico colocá-los quando já todos os planos estivessem acertados, incluindo financiamento através dos fundos europeus?
Agora, à espera do que há-de vir, temos uma estrutura em tubos de ferro forrada a lona só para dizer que o futuro é já amanhã. Mas em Coimbra o futuro é um presente envenenado, que se arrasta em direcção ao horizonte sem fim à vista. Mais um estudo a passar no LNEC, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, -o 17º, creio. Assim continua Coimbra, a cidade dos estudos.

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