quarta-feira, 30 de março de 2016

ARRE... PEDRA, PÁ!





Escrevo-te esta carta, Manel –espero que não te abespinhes por te tratar por tu mas como sabes, segundo o evangelho de Marcelo, agora é assim-, caro e futuro amigo lá para as calendas –embora ache que o tempo urge, as eleições estão quase à porta e se não fazemos as pazes, já vi, não me vais dar o lugarzito de adjunto em substituição do nosso amigo que já foi- para te informar que a rampa das Escadas do Gato já foram arranjadas hoje. Depois de 50 dias da primeira comunicação e treze da segunda e dois feridos transportados em ambulância para o hospital, finalmente a pedra lisa, tão lisa como os meus bolsos de tanto catar, já está lá a fazer cócegas na sola dos pés a quem se roçar nela.
Escrevo-te esta missiva, Manel, meu caro colega das lides cidadãs –tu geres a cidade e eu administro a minha casa, o que, na comparação, é praticamente a mesma coisa- para te lembrar sobre um procedimento que devia acontecer e não acontece. Sabes o que é, pá?! É o seguinte, responde-me se quiseres: uma pessoa que envia um e-mail aos serviços camarários a dar conta de uma determinada situação que pode redundar em tragédia para qualquer munícipe não merece uma simples resposta do departamento correspondente? Repara que não estou a reivindicar loas ou agradecimentos. O que quero dizer é que os serviços administrativos que encontraste, retirando as chefias, salvo pequenas alterações pontuais, são constituídos pelos mesmos funcionários do Anciem Regime, dos monárquicos Carlos Encarnação e João Paulo (II) Barbosa de Melo. Ora até há cerca de três anos, quando ocupaste o lugar de capitão, quase sempre que eu enviava uma informação de ocorrência recebia na volta do correio uma comunicação assim do género: “A sua informação deu entrada nos serviços com o número xpto. Tão breve quanto possível, daremos andamento à sua reclamação. Agradecemos a colaboração, sobretudo, por nos ajudar a servir melhor o cidadão.”
Espero estar a ser claro, camarada. Desde que entraste no palácio presidencial o silêncio passou a ser uma constante. Nem xus nem bus! Não sei se estás acompanhar o meu raciocínio, Manel, mas esta falta de resposta (dis)funcional transforma-me numa espécie de informador clandestino, subversivo e perigoso. Não vou alegar falta de respeito, que isso não é para nós, mas que chateia, chateia! Repara o que aconteceu com o vidro da montra das ex-Galerias Coimbra. Tive de te mandar uma carta com aviso de recepção para resolver o problema. No dia seguinte ao envio da missiva com conhecimento arranjaram a coisa. Diz-me, sinceramente, pá: é preciso esticar a corda assim? Porquê? Não sei se estás a ver, até parece que estou em guerra aberta contigo! –pelo contrário, como já percebeste, só quero ser teu amigo –não penses que é por ser interesseiro, nada disso! Só quero mesmo servir a causa pública! Por conseguinte, nada melhor do que o tal lugarzito que vai ficar vago de aqui pouco mais de um ano.
Não te vou maçar mais com externalidades- este termo foi intencional já que és das economias. Fica bem e não precisas de responder, mas confesso que gostava que alterasses a forma de procedimento dos serviços.
Recebe um abraço assim tipo de “olhar no burro e outro no cigano” –desculpa lá a metáfora mas ainda não ganhaste a minha confiança política. Se precisares da minha ajuda é só assobiares.

(TEXTO ENVIADO, PARA CONHECIMENTO, À CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)






1 comentário:

Linda disse...

Assim, está bem! Só quem é verdadeiramente amigo, do amigo e dos conterrâneos, se entrega desta forma!
Abraço,
Linda