segunda-feira, 28 de março de 2016

A BAIXA COMERCIAL E O DIA DOS CENTROS HISTÓRICOS



Neste Dia dos Centros Históricos, em vez de focar vários problemas que nos tocam todos os dias, passando pelo turismo que nos salva, se Deus Nosso Senhor quiser, e o futuro que se avizinha, vou começar por fazer um balanço entre encerramentos e aberturas de estabelecimentos nestes três primeiros meses.

ÓBITOS

Do que tomei conhecimento, nos três primeiros meses deste ano encerraram quatro estabelecimentos: A Casa Guimarães, na Praça do Comércio, uma loja com várias décadas e que se dedicava ao ramo de atoalhados; a Tabacaria do Jorge, na Rua da Louça, que, como o nome indica, se dedicava à venda de tabacos, jornais e revistas e já vinha da década de 1960; a Baby & Me, na entrada do Centro comercial Visconde, na rua com o mesmo nome, e onde funcionou durante escassos meses a Pepperosso. Era uma loja de artigos de criança e durou sensivelmente seis meses. Conforme indicação na montra, transferiu instalações para o Átrio Solum; e uma loja de artigos chineses, na Rua das Padeiras, onde outrora funcionou o Café Puri.

ESTADO VEGETATIVO

A vender o que resta de Stock, com cinquenta por cento de desconto, está a Românica, na Rua Adelino Veiga, e que já vem dos anos de 1950 e que foi um ícone nos brinquedos. Não se sabe o que vai acontecer às várias lojas que compõem o conglomerado e que se dedicam a vários ramos de negócio.

NASCIMENTOS

A mostrar que a Baixa está a mudar, sobretudo pela vinda destas grandes marcas, nos primeiros dias de Janeiro abriu o Continente, nas agora partilhadas instalações da Auto Industrial, na Avenida Fernão de Magalhães. E agora, nestes últimos dias, nasceu o Burger King, na Avenida Navarro e junto ao Largo da Portagem.
Se a instalação do primeiro, do Continente, pode provocar opiniões diferenciadas pela concorrência com o comércio tradicional, já o segundo, o Burger King, gerará total unanimidade.

O QUE DIZER DESTAS ABERTURAS?

Tal como já escrevi várias crónicas, muito comércio que se repete, igual a tantos outros e que pouco terá de original, inevitavelmente, vai desaparecendo. É a lei da vida, onde morrem uns para dar lugar a outros, poderá dizer-se. Mas estou em crer, por trás desta reviravolta está um motor de desenvolvimento que está a contribuir para a procura intensa de edificado na Baixa e vinda de grandes marcas: o turismo em crescendo. Segundo dados da Universidade de Coimbra, o número de visitantes duplicou no ano passado.
Está de ver que o sector alimentar, bares e restaurantes, vai tomar conta desta parte baixa da cidade e, com a sua entrada na noite, vai retirar o marasmo que se apercebe a olho nu, sobretudo, depois das 19h00.
Uma coisa dá para entender: o processo de desenvolvimento em larga escala está e vai acontecer, como sempre, por força dos privados. Se assim não fosse, se esta zona não tivesse o futuro escrito nas pedras da calçada, como entender o facto do Burger King ter criado 30 postos de trabalho? Estas grandes marcas não brincam em serviço. Só enterram o prego onde há perspectivas de extrair petróleo.

E MAIS?

Com as obras anunciadas do Terreiro da Erva e a (re)abertura da chamada Via Central estes dois projectos de iniciativa pública podem também ser a varinha de condão da tão esperada e anunciada revitalização da Baixa de Coimbra.

E A NOVA AVENIDA NÃO PODE SER ALGO DIFERENTE?

Tenho para mim que com a abertura deste canal e nas condições em que vai ser feita poder-se-ia desenvolver a ambição e realizar aqui o que se pensou no início dos anos 2000 para as ruas da calçada. Ou seja, seguindo as galerias de Milão, poder-se-ia cobrir esta nova avenida desde a Loja do Cidadão até à Rua da Sofia e fazer dela uma via comercial por excelência.
Pela ideia não é preciso pagar nada. Aproveite-se, concretize-se e requalifique-se toda esta área desclassificada e ficaremos todos a ganhar.

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