sexta-feira, 2 de maio de 2008
"A ACIC CRITICA ALHEAMENTO DOS PARTIDOS"
(Foto do PÚBLICO)
Hoje é a discussão na Assembleia da República sobre a abertura das grandes superfícies nas tardes de Domingo e feriados. Há hora em que escrevo, já se sabe que a proposta do PSD foi aprovada, após debate parlamentar. A proposta dos sociais-democratas consistia em passar a bola, como quem diz, a autorização de abertura das grandes superfícies para as autarquias em que estão inseridas. Isto quer dizer que, após esta aprovação, o grande comércio já pode abrir mediante autorização da Câmara Municipal em que está inserido. Por seu lado o PSD e o PS, partido de governo, ao lavarem as mãos como Pilatos, já podem dormir descansados. As autarquias que descalcem esta incómoda bota. Ora, sabendo da pouca sensibilidade destas em relação ao seu comércio de rua, já se sabe o que vai acontecer. Ou seja: vão acabar com os últimos moicanos, os últimos comerciantes que estoicamente resistem. Pessoalmente, como liberal que sou –não ultraliberal-, entendo que esta medida de não abertura ao Domingo, apenas o deveria ser nesta fase complicadíssima que o comércio tradicional atravessa. Penso que, neste momento, evitar a total liberalização seria apenas escolher o mal menor, tendo em conta a fragilidade do comércio. Esta medida, no meu entender, deveria ser apenas temporária, a fim de permitir a reorganização dos mercadores de ruas e vielas e evitar a sua total capitulação. Jamais deve ser entendida ad eternum. Se os consumidores querem o comércio aberto todos os dias, os operadores mais não têm do que ir ao seu encontro. É estupidez lutar contra a vontade de quem quer comprar.
Segundo o Diário de Coimbra, a ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, na pessoa do seu presidente, Paulo Mendes, reprova e bem o posicionamento dos partidos na cidade. É um ultraje o que está a acontecer. A direcção da ACIC pediu audiência aos principais representantes partidários e apenas foram recebidos pelo PCP. No sábado passado tinham entrevista marcada com Victor Batista, às 12 horas, na sede do Partido Socialista, na Rua Oliveira Matos, e, este também deputado por Coimbra, na Assembleia da República, pura e simplesmente nem apareceu, nem se dignou informar os peticionários da sua ausência. Não há dúvida que os eleitores de Coimbra estão muito bem servidos na sua defesa e representação.
A mim, pessoalmente, não me causa surpresa. Na segunda-feira, 28 de Abril, dia da habitual reunião da Assembleia Municipal, estive presente e intervindo, em apelação, no sentido de sensibilizar os presidentes de junta que compõem aquele órgão fiscalizador e também alguns vereadores presentes, bem como os presidentes da Câmara e da própria Assembleia Municipal, acerca do emergente desmantelamento do Museu da Ciência e da Técnica, assim como as consequências que tal acto terá para a Alta e para a Baixa, pude constatar que apenas um presidente de junta se lhe referiu levemente: o presidente da Junta de São Bartolomeu, senhor Clemente. Os outros, quer presidentes de freguesias, quer vereadores, estavam muito mais interessados em defender efemérides, como foi o caso do bloquista Serafim Duarte, que passou mais de 15 minutos a “estoriar” o 1º de Maio, desde Chicago até aos nossos dias. Deprimente, simplesmente deprimente, esta Assembleia Municipal, que mais parece uma extensão da lisboeta republicana. Quem assiste, facilmente se apercebe do mofo e bafio presente. Poucos estão interessados em defender uma causa pública. Apenas estão interessados em falar para si mesmos. A mediocridade “sente-se” no ar. São quase sempre os mesmos a falar. Por parte dos presidentes de junta só dois ou três intervêm. Os vereadores municipais são sempre os mesmos a pedir a palavra sem nada dizerem. O presidente da Câmara, Carlos Encarnação, está presente, mas apenas como figura representativa robótica. Entra calado, mantêm-se surdo, e sai mudo. Talvez por isso se entenda que estas intervenções públicas não tenham praticamente acompanhamento de cidadãos, quer para intervir quer para escutar.
Noutro texto, vou mostrar os suplícios que qualquer cidadão passa para conseguir intervir neste fórum que só aparentemente é do povo.
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