quarta-feira, 11 de julho de 2007

O CAIR DA MÁSCARA

Quando deixaste cair a máscara,
não conheci aquela cara cheia de ódio,
a clamar e a pregar por vingança,
não reconheci a mulher que amei,
eu tinha-te num pedestal, num pódio,
ao ver esse esgar, perdi a esperança;
Às vezes, interrogo, se conheço alguém,
mesmo até, se me conheço a mim,
se, melhor, não serei apenas, só, um filho da mãe,
terei consciência ou moral para te condenar a ti,
não terei, igualmente, enfiado a máscara também;
Penso, se no fundo, não seremos todos uma fera amestrada,
tentando ser a imagem, perfeita, reflectida no espelho,
não aquela que sentimos ser, mas aquele que é desejada,
todos fingimos, neste palco que é a vida, como actores,
duma peça, escrita por alguém, encenando, ora dama amada,
ora vilão, como proxeneta, explorando, vivendo de favores;
Todos falamos em verdade, como se só houvesse uma,
mas em verdade, a que vemos é sempre a nossa, a mais sincera,
a dos outros, é falsa, só a nossa é verdade e mais nenhuma,
vai-te embora ó verdade, prefiro a mentira, mesmo sendo quimera,
prefiro assumir que sou fraco, insensível, sem franqueza alguma,
um simples mortal, errante, como qualquer outro aprouvera.

Sem comentários: