sexta-feira, 27 de julho de 2007

ELEGIA A UMA CORREDORA DE FUNDO

Sempre a correr,
como água, dum rio, em direcção ao mar,
corres sem entender,
porque corres? Se ninguém te quer amar;
Há quem queira, mas tu recusas,
queres aquele modelo idealizado,
mesmo inferindo dessa tua dificuldade,
sabendo que já não é fabricado,
não abdicas dessa tua bondade,
pouco te importa que esteja desactualizado;
Não alinhas nos novos modelos,
“são vazios”, dizes, “não têm valor”,
preferes os antigos, ainda que adelos,
são mais quentes, têm mais ardor,
são cartas manuscritas com o velho selo,
são mensagens do carteiro com muito amor;
Detestas a superficialidade,
o manto diáfano e a aparência da mentira,
procuras a transparência como causalidade,
como notas musicais, vibrantes, de uma Lira,
entregas-te toda, apaixonadamente, à sinceridade.

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