quinta-feira, 7 de outubro de 2010

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)




Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "COM UM PADRE ASSIM ATÉ VOLTARIA A ASSISTIR À MISSA...": 
 


Obrigado por me ter permitido o acesso a esta pérola de sabedoria, verdadeiro diagnóstico da sociedade contemporânea portuguesa.
Na verdade é o modelo civilizacional que está em causa. Os filhos são educados na filosofia do ter em detrimento do ser e os pais matam-se para facilitar aos filhos cada vez mais bens materiais que se acumulam nas casas que para o efeito têm que ser cada vez maiores. Lamentavelmente, se reparar, para a mesma necessidade temos hoje em casa vários bens, enquanto que antigamente a preocupação era conseguir um único que resolvesse o problema. Falta porém aos filhos aquilo que eu tive na aldeia; o contacto diário com os meus avós que me transmitiram infindáveis ensinamentos de vida que me enrijeceram e me deram uma capacidade de luta e sobrevivência, que lhes agradeço eternamente. A cadeia de transmissão empírica do conhecimento foi irremediavelmente interrompida. Quantos avós falecem sem conhecerem ou conviverem com os netos já crescidos?
Esta factura pagar-se-á muito caro.
Quantas vezes a família preteriu um passeio à aldeia para convívio com os avós, preferindo uma ida ao centro comercial para comprar mais uma roupa igual a milhares que já se tem no armário?
Os filhos, esses, para propiciarem cada vez mais bens materiais aos respectivos herdeiros, abandonam as aldeias e vêm para as cidades. Aqui vivem em caixotes que os tornam mentalmente doentes e só aparentemente com qualidade de vida.
Para isso abandonam os respectivos pais nas aldeias, sozinhos, enfraquecidos e com os olhos lacrimejantes pela nostalgia de ver fenecer o que tanto lhes custou a erguer.
O que é melhor? O regresso às origens e a uma aldeia que apesar de menor materialidade propiciava um melhor bem-estar espiritual ou um permanecer nas cidades com o pensamento na aldeia? E com a incerteza de saber se este é verdadeiramente o melhor caminho que estamos a desbravar para os nossos filhos?
Este é um dilema que muitos vivem e eu particularmente, neste momento e desde há muito.
Um abraço do anónimo. 

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