Ontem, quinta-feira, depois de ouvir o primeiro-ministro a anunciar a subida de impostos, estava eu a fazer planos de como é que havia de dividir as medidas de austeridade com o meu Silvano –é o meu jerico, não devem conhecer-, quando recebi um bip do director do blogue, o Luís Fernandes, para me apresentar na sede do jornaleco. Por enquanto, como não há dinheiro para carregar o telemóvel, estamos a socorrermo-nos do bip, mas, por este andar, tudo indica que para o ano teremos que recorrer aos sinais de fumo, porque é mais natural e mais barato.
Dizia eu então que estava com uma moca do tamanho da esfera armilar da bandeira nacional. Estava a pensar cá com os meus botões, se já só dou metade da ração ao meu Silvano, porque não recebo ordenado há mais de um ano, agora com o aumento dos bens de primeira necessidade, como é que vai ser?
Fui então direitinho ao gabinete do gajo. Ia tão assarapantado que nem reparei bem na Rosete, o amor da minha vida, que me consome a vida e o espírito naqueles dias de nuvens negras como hoje.
-Ó “Olho de Lince”, por onde é que você anda, que não apresenta trabalhos de reportagem? –interroga-me o “cameloide”, assim de uma forma, que até me fez saltar logo a tampa.
-“Olhe lá, ó seu mosca-morta, peço desculpa pelo tratamento demasiado afectuoso. Saberá o senhor que, por não me pagar ordenado há largos meses, ando nas lonas, tenho as solas completamente gastas –e levantei um sapato-, e até o meu Silvano, coitado, usa o mesmo calçado há mais de um ano?
O senhor pensa que isto é o quê? Estamos em Cuba…é? –interrogo eu, assim a fazer peito.
-Calma, ó “Olho de Lince”…você ferve em pouca água…
Precisava que você fosse fazer a reportagem, logo à noite, à assembleia de freguesia de São Bartolomeu. Há para lá uns problemas com a escola e é natural que estejam lá muitos pais para exigir medidas…
-Ó chefe, e jantar? Onde é que vou? A Cozinha Económica à noite está fechada…
-Tome lá cinco euros e coma aí uma “sandocha” em qualquer lado…
E lá fui eu. Que remédio?!
Cheguei à junta de freguesia já passavam aí uns quinze minutos. A sala estava praticamente vazia. Ou seja, para além da mesa onde estava, do lado esquerdo, o Leite da Silva, em regime de substituição, a meio, o presidente da assembleia de freguesia, o Carvalho, e no lado direito, estava a Teresa Dourado e no topo o presidente do executivo, Carlos Clemente, nem um pai de um aluno se dignou comparecer na reunião.
Estava então Carlos Clemente a debater duas propostas apresentadas por Jorge Neves: a Folha de São Bartolomeu e o Gabinete de Apoio Social.
Disse a propósito Clemente: “a ideia é interessante, mas temo que venhamos a ser acusados de fazer campanha. Pode ser interpretado como político-partidário. O presidente da junta de freguesia de São Bartolomeu não faz política partidária.
Para além disso, a freguesia não tem matéria. Só se andarmos a contar as telhas. Não temos substância para mantermos um boletim informativo.
Quanto à segunda proposta, do gabinete de apoio social, já tivemos um gabinete de apoio às mulheres em risco. Teve de se acabar, porque os proxenetas ficavam à espera das mulheres nas escadas.
Já tivemos também um gabinete de apoio humano.
A junta presta o apoio cívico necessário. A junta não dá dinheiro, dá géneros a quem precisa: medicamentos, comida, etc.”
Clemente, perante a não comparência de um único pai presente na reunião, convidou Jorge Neves, independente à assembleia, a pronunciar-se sobre os problemas da EB1 de São Bartolomeu, até porque, para além de ser eleito da junta, o Neves tem um filho como aluno na referida escola. Jorge expos as suas razões.
Disse Carlos Clemente:
“Foi feita nesta escola uma reunião. Foi abordada a questão dos tarefeiros. Os pais vieram para a comunicação social a apresentarem soluções. As instituições ainda têm estruturas. O problema é grave em São Bartolomeu , mas é mais grave a falta de auxiliares no Silva Gaio.
A directora da DREC disse que não sabia de nada. A senhora directora sabia das deficiências. Faço parte da Associação Nacional de Freguesias do Distrito de Coimbra. Pedimos uma reunião à senhora directora e esta foi adiada. É um problema do distrito de Coimbra. Porém, está a ser tratado com a escola Silva Gaio e a DREC. Não podem é os pais dos alunos estarem a puxar para um lado e o agrupamento para outro”.
Sobre algumas respostas de assuntos diversos, perante os membros da assembleia, disse Clemente:
“Os fiscais da Câmara não gostam de mim. Uma fiscal da autarquia disse para uma comerciante: “o presidente da junta só incomoda”. No caso, foi sobre o toldo da sapataria Pessoa.
“O sistema de segurança à frente da escola de São Bartolomeu não é eficaz”
“Temos uma unidade de crianças surdas/mudas. As condições não são muito boas…são as que temos”
“Requalificámos o passeio junto à Império. Estamos à espera que a Câmara coloque as placas. Amanhã vou falar com o senhor engenheiro Albuquerque. Arranjámos um lugar para a junta de freguesia. Vai ser um espaço para as residenciais: uma hora para cada estacionamento”.
“Na Rua Corpo de Deus, com o atraso que a obra tem, mesmo assim, é estruturante…”.
(CONTINUA AMANHÃ…QUE TENHO O MEU SILVANO ALI À PORTA A FAZER UM ESCARCÉU DO CAMANO. DEVE ESTAR COM FOME, COITADO…)
3 comentários:
As propostas e os assuntos que levei à Assembleia de Freguesia.
- Felicitar por grande êxito da Noite Branca. (Teve três falhas pontuais a melhorar: o horário da recolha do lixo, a hora bastante tardia da primeira intervenção dos artistas na Praça do Comercio e as ruas estavam bastante sujas. E um voto de protesto para o Bloco de Esquerda por aproveitar a Noite Branca para fazer campanha para as presidenciais).
- Falta de recursos humanos na EB1 São Bartolomeu
- Contentor do lixo junto ao portão da entrada
- Pinos metálicos e as correntes e frente à entrada principal da EB1 São Bartolomeu
- Possibilidade de disponibilizar uma sala da junta para a prática de ginástica dos alunos da Escola
- Consumo e Trafico de droga no Beco de Santa Maria
- Se já foi comunicado o inicio da demolição do prédio da Travessa dos Canivetes
- Proposta de Projecto Gabinete de Apoio Social e Cívico *
- Proposta de Projecto para a criação da Folha São Bartolomeu, onde seja mencionada toda a actividade da Junta *
- Mudança de instalações da Extensão do Centro de Saúde da Sá da Bandeira.
- Problema da recolha do lixo devido aos carros estacionados à noite na Rua da Sota
- Qual o funcionamento dos dois lugares de estacionamento em frente á pastelaria Estação Doce reservados para a Junta de Freguesia.
- Saber da Possibilidade de serem repostas as correntes na Praça do Comércio, ajuda a recuar e a disciplinar os vendedores ambulantes e ao mesmo tempo deixavam a passagem liberta para os peões.
Tomei conhecimento deste Blogue sobre a Baixa de Coimbra, pelo meu amigo Jorge, que foi meu aluno.
O que posso dizer acerca do que já li no Blogue, é que dispensa um bom serviço informativo e bastante variado, vai à raiz das questões com uma desmedida frontalidade.
Em relação ao Jorge, não me admira o que já li aqui e no Blogue que ele gere de uma forma bastante assertiva e convicta, ele sempre foi muitíssimo reivindicativo e tem um certo gosto em jogar com as palavras e de fazer critica construtiva.
Está sempre disponível para a “luta” e para ajudar os outros, o que por vezes o prejudica a nível pessoal, mas nem isso o demove da defesa das suas causas.
Paulo Maia
Obrigado pelas suas palavras professor.Sou assim e nada me fará mudar.
Abraço
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