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O meu amigo está à porta,
olha a chuva, apalpa o tempo,
já nem a mulher o conforta,
porque não sente o passatempo,
tão pouco o pingo lhe importa,
se até a brisa é contratempo;
Meu amigo está tristonho,
como triste é a noite escura,
encara o presente medonho,
o futuro cheio de amargura,
passado deixou de ser risonho,
está a perder a compostura;
Quer soltar o combatente,
o grito que está dentro do peito,
apertado, ferrado, cinicamente,
já se marimba para o respeito,
recorda quando adolescente,
tinha fama e pouco proveito;
Se pudesse voltar a reescrever,
toda a sua história passada,
faria tudo ao contrário, sem ler,
sem cuidar da ambição almejada,
estaria a borrifar-se para o Ter,
cantaria o Ser até à alvorada;
Meu amigo está cansado,
moidíssimo de solidão,
passarinho abandonado
em mar de rebentação,
com lamentos ancorado,
em promessas de algodão;
E o Outono a amachucar,
com a andorinha no beiral,
vendo a folha a esvoaçar,
em negra nuvem celestial,
desenhos de fumo a cavalgar,
venha o ânimo fundamental.
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