É por estas e por outras que embirro. Não recebo o ordenado há mais de uma ano, continuo a trabalhar em serviço de exterior, e depois de vir para casa ainda tenho de transcrever o serviço. Quem é que paga? E mais: se preciso for ainda me acusam de não fazer nenhum, como acontece com os professores e os juízes. É nestas alturas que os entendo.
Pronto e, mesmo com o forro dos meus bolsos completamente rotinhos de tanto catar, lá vou eu então continuar a contar o que se passou na assembleia de freguesia de São Bartolomeu. Sou muito tolo, não sou? Também acho, mas que querem? Tenho de cumprir ordens do chefe –do director Luís Fernandes. Fará algum sentido eu estar para aqui a escrever sobre o problema da escola de São Bartolomeu se nem um único pai lá apareceu para defender fosse lá o que fosse? O que é que eu hei-de fazer? Cumprir e mais nada! Vamos então entrar outra vez na sala de reuniões da junta de freguesia de São Bartolomeu. Na mesa central, estão sentados o Leite da Silva, o Carvalho, a Teresa, e o Carlos Clemente, que é o chefe: o “prexidente da xunta”.
Nas cadeiras para o público, que nem um indivíduo para amostra apareceu, estão os elementos eleitos para a junta. Está o Manuel Rosa e o Jorge Neves, ao fundo está o Júlio, e mais umas restantes pessoas que, como praticamente não abriram o bico, esqueci-me de lhes perguntar a graça.
Depois de focarem vários assuntos de interesse para a freguesia, o Clemente deu a palavra ao Jorge Neves para que este se pronunciasse sobre o tema quente, que era a falta de auxiliares na escola ao lado da junta, EB1 de São Bartolomeu.
Disse então o Jorge: “Foi falado pela Drª Piedade que não havia auxiliares. Era bom que os pais fizessem alguma coisa. Saiu a ideia do abaixo-assinado.
Apareceu uma professora com o abaixo-assinado. Tenho de confessar, eu não confio na DREC. Fiz um texto meu, anexei o abaixo-assinado, e enviei para os grupos parlamentares e para a sede do agrupamento. Não enviei para a junta de freguesia de propósito: deveria ser a professora da escola a comunicar.”
Interrompe Clemente: “a senhora coordenadora da escola ainda não entendeu que a junta não serve só para dar lixívia. É preciso haver sincronização. As juntas não servem só para os detergentes. Há professores, a minha professora tem alguma dificuldade em falar connosco. Esta professora pediu dois autocarros a 28 e nós a 30 já os tínhamos disponibilizado. A junta não serve só para isto.
Eu vejo um auxiliar para 70 crianças… Um professor deveria estar no recreio e não está.
Algumas crianças com problemas sociais conhecidos. É por isso que a professora não gosta de mim. No ano passado chamei a polícia. Um miúdo partiu um vidro a pontapé. Disse à coordenadora: chame cá o pai. A coordenadora não chamou. Teve a junta que o substituir.
A segurança diz respeito também aos professores, não cabe só aos auxiliares.”
Prossegue Jorge Neves: “os miúdos só podem entrar na escola às 9H00. São ordens do agrupamento. Agora, que vem aí o Inverno, as crianças vão ter de estar aí à chuva até baterem as 9H00”
Diz Clemente: “está mal. Isso não pode ser. Então tem ali um telheiro como deve ser. Isso não pode continuar.”
Interrompe uma senhora, membro da junta: “se algum se aleijar, o seguro só dá cobertura a partir das 9H00. Abrem o portão, mas só entram crianças do ATL. Para a escola não podem entrar antes da hora.
Prossegue Jorge Neves: “sobre o prédio das Canivetas (propriedade da autarquia e que se encontra em estado de eminente ruína e já com promessa de demolição para o anterior mês de Setembro), se eu pudesse decidir já tinha vedado a rua”.
Responde Clemente: “isso não posso fazer!”.
Prossegue Neves: “há tráfico de droga no beco de Santa Maria, junto ao Terreiro de Mendonça.
Diz Clemente: “pois, você até sabe porque é que isso acontece. Você até trabalha lá em cima….”
Prossegue Jorge Neves: o lixo não foi recolhido na Rua das Azeiteiras a semana passada. O carro da recolha não pode passar, porque estão lá permanentemente carros estacionados durante a noite.”
Interrompe Clemente: Isso é da competência da Polícia Municipal e esta não responde. É o Clemente, o presidente,…é uma chatice!”
Volta Jorge Neves à carga: o posto de saúde, da Avenida Sá da bandeira, que foi para as antigas instalações da PIDE, na Rua Antero de Quental, vai passar para o Hospital Pediátrico. Não faz sentido os utentes da Baixa irem lá para cima já a partir do próximo dia 11.”
Corrobora Clemente: “é verdade. Não faz sentido! É lamentável que os idosos da Baixa tenham de se deslocar.”
Atalha uma assistente: “É obrigação dos serviços avisarem os utentes por escrito, e, até agora, nada foi feito”.
Diz Leite da Silva: o senhor presidente está agir bem no problema da escola de São Bartolomeu.
O senhor presidente rema bem, mas estamos disponíveis para o que for preciso.
-A senhora professora está agir mal em relação à junta, o senhor presidente já esclareceu
-A ARS está agir mal. É o desprezo pela pessoa humana
Diz Manuel Rosa: “ a Polícia Municipal (PM) só me interpelou a mim” -acerca de um estacionamento como morador.
Atalha Teresa Dourado: “a Polícia Municipal não actua. Um deficiente, porque tinha o seu lugar ocupado, esteve uma hora à espera para estacionar e a polícia não apareceu. O que fazer? Está lá a placa, mas o lugar está sempre ocupado por outras viaturas pertencentes a não deficientes.”
Tolha Clemente: “para que existe a Polícia Municipal? Eles só querem saber se for para autuar, mais nada! Amanhã a junta vai mandar um ofício ao comandante da PM, para alertar sobre esse casos das placas.
A finalizar a sessão, disse Clemente: “a junta faz parte das comemorações do centenário da República, no próximo 5 de Outubro. Somos uma junta pequena mas respeitada.
Estas comemorações vão trazer à Baixa 700 pessoas. Vão haver tasquinhas. Doces tradicionais, etc.
Nada mais havendo a dizer, dou por encerrada a sessão.”
2 comentários:
Mais parece um diálogo entre Jorge Neves e o Clemente, no fundo no fundo até têm uma maneira de estar parecida, frontalidade e sem medo de nada e ninguem.
Esqueci-me de dizer no anterior comentário, não sou politico.
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