quarta-feira, 5 de setembro de 2007

UM CORDEIRO NO MEIO DOS LOBOS

Foi por acaso que fui dar à sua página, no Netlog, aqui na Internet. Quando me apercebi pelo retrato, em que aparece de vestes eclesiásticas, a minha curiosidade, como mola comprimida, saltou imediatamente em direcção à satisfação do meu desejo de ver, in loco, o que escrevia este mensageiro de Cristo. Numa primeira impressão, poderemos facilmente interrogar-nos acerca do que faz um sacerdote num site onde predomina a conquista amorosa. Porém, seguidamente, se tivermos em conta que os chats da net, hoje, são a única janela de pequenos cubículos difusos, sem luz, de gente só, em profunda solidão, que se abre para o mundo, então, facilmente entendemos a razão de ser e de estar deste pároco pertencente à diocese de Aveiro. E, sem discurso encomiástico, naturalmente subjectivo, posso afirmar que este inato comunicador o faz de uma forma extraordinariamente simples e de linguagem acessível e compreensível por todos os extractos sociais que viajam na Internet.
Com o seu vídeo semanal no YouTube, este sacerdote e professor de Religião e Moral, disserta sobre casos que lhe tropeçam no dia-a-dia. Com uma linguagem simples, a sua comunicação, acompanhada gestualmente, chega facilmente ao receptor. Sem a habitual carga moral, normalmente associada na mensagem católica-romana, mas apelando a uma introspecção reflexiva, estes vídeos são facilmente aceites como recados para pensar. A racionalidade deste padre, a meu ver, contrasta com uma profunda ortodoxia existente demasiadamente vincada na Igreja Católica. Confessando não entender, mas aceitar temas emergentes, como a homossexualidade, o pregar ao “desbarato” pelas praias, em tempo de férias, da religião cristã e o livre arbítrio de Deus nas coisas terrenas, nomeadamente na amputação de um membro inferior de uma linda jovem, o padre Júlio Grangeia, sem pregar intencionalmente os dogmas da fé, dá um bom testemunho e convida a aceitar-se, sem discussão, essa mesma fé.
Ao abrir os seus temas sempre com o vocativo, e várias vezes intercalado no meio da conversa: “amigo cibernauta” e a terminar, inevitavelmente, com o vocábulo:”já agora e porque não?...Até para a semana.” , facilmente, por analogia, poderíamos entender estas suas brilhantes extrapolações como a parábola de Júlio aos fariseus, considerando que quem viaja na Internet, não é naturalmente membro de nenhuma seita religiosa, nem cumpre estritamente a sua ortodoxia, mas, pelo contrário, embora não sendo necessariamente falso ou hipócrita, também não estará muito aberto a questões religiosas. Mas, essa é a verdade, e talvez a lição, a forma ligeira, despretensiosa, deste homem capta a atenção. É como se pescasse à linha, com uma cana rudimentar, num oceano industrializado e materialista, onde grassa a pesca de grande calado e de ponta.
Parabéns padre. Oxalá assim seja entendido pela hierarquia da Igreja. Um grande abraço de profunda admiração.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pela forma como escreves. Adorei ler-te. Vou voltar ((*_*))

Céci