segunda-feira, 15 de novembro de 2021

MEALHADA: HOJE HOUVE REUNIÃO DE CÂMARA

 





Conforme o plasmado no Despacho da Ordem de Trabalho, cerca das 9h00, no Salão Nobre da Câmara Municipal da Mealhada, sob a batuta do presidente da Câmara Municipal, António Jorge Franco, deu-se início aos pontos enunciados na Ordem do Dia.

Por volta das 10h00, ao abrigo do Regimento, foi interrompida a sessão para o período consignado ao público. Nas cadeiras reservadas à assistência, para além da comunicação social, estavam presentes dois munícipes para intervir.

O primeiro a usar da palavra foi uma senhora, queixando-se das consequências que uma obra pública, promovida pela autarquia, traz ao seu dia-a-dia e em frente a sua habitação na cidade. O presidente do Executivo, com amabilidade, prometeu inteirar-se dos trabalhos em curso e dar uma resposta com brevidade.

O segundo munícipe, morador em Barrô, depois de explanar o elevado trânsito que, diariamente, atravessa a aldeia através da sua Rua Principal, que é uma via estreita que não comporta dois automóveis ao mesmo tempo, levando a constantes manobras de marcha-atrás e, em consequência, ao longo dos últimos anos, ter originado vários acidentes, apresentou uma recomendação para que fossem ali colocados semáforos temporizadores. A esta moção do cidadão, o presidente Jorge Franco respondeu que está a par do problema, já levantado por outros moradores da localidade, e que aquando da campanha eleitoral teve ocasião de verificar a razoabilidade da medida proposta.


E CONTINUAMOS PARA BINGO


Depois de reiniciados os trabalhos parlamentares, a primeira “quezília” surgiu por parte de Rui Marqueiro, ex-presidente da autarquia, em torno da nomeação do ponto 4, proposta ao executivo para designação de um representante do município na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Mealhada, a revelar-se contra o texto do documento.

E veio o ponto referente ao aumento dos tarifários de recolha de resíduos sólidos por parte da ERSUC. Segundo a comunicação do presidente da mesa, Jorge Franco, devido ao aumento dos combustíveis, com um acréscimo proposto de dois por cento, esta aparente pequena percentagem vai repercutir-se em cerca de 80 a 100 mil euros anuais a pagar pela Câmara Municipal, logo, por inerência, a ser subcarregado pelos munícipes.

Nenhum dos presentes quis aflorar directamente a questão da recolha selectiva porta-a-porta, imposta por Marqueiro no anterior mandato, em que para adquirir os recipientes a distribuir pelas casas do Concelho foi elencado cerca de um milhão de euros, mas a alusão ao errático investimento esteve implícito.

Relembra-se que a Câmara Municipal da Mealhada detém uma participação no capital desta Sociedade Anónima. Foi dito por Hugo Alves Silva nesta apresentação que em 2015 a edilidade investiu um milhão e meio de euros nesta empresa, retirou 800 mil euros nos anos seguintes e hoje a comparticipação vale zero.

Inopinadamente, Marqueiro insurgiu-se contra Hugo Silva, por este ter afirmado que a comparticipação na ERSUC valia zero.

O presidente, com paciência de Job, tentando manter o debate com alguma urbanidade perceptível numa tensão indescritível, fez tudo para contemporizar a “fúria” do ex-comandante. António Franco chegou a pedir que no final da reunião se falasse mais abertamente com todos, incluindo o vereador Hugo Silva. A esta proposta, Marqueiro respondeu: “eu só converso com quem gosto!

Finda a reunião, o agora vereador e ex-presidente, abruptamente, levantou-se e, sem um cumprimento de bom dia ou boa noite, como tocado pelo vento, saiu disparado.



UM CASO BICUDO CHAMADO RUI MARQUEIRO


Começo com uma ressalva, sem ter confiança alguma com Rui Marqueiro, confesso que aquando da sua decisão de manter o seu lugar de eleito no executivo depois de ter perdido o cadeirão maior ganhei uma certa admiração por este político. Entendi ser uma medida muito digna, que, com todo o seu conhecimento e saber empírico, adquirido, viria engrandecer um relacionamento que se queria profícuo entre vencedores e oposição. Pensei para comigo que só um homem humilde e corajoso tomaria esta decisão a favor do serviço público.

Hoje, depois de ter assistido à reunião e ao desempenho de Marqueiro, não tenho dúvida alguma em afirmar que foi um erro crasso esta tomada de posse como vereador.

O ex-presidente não disfarça o não conseguir deixar de transparecer um certo ressabiamento. É um elemento desestabilizador. As suas intervenções são feitas com arrogância e “mal-dizer”, no sentido de questionar o inquestionável. As suas palavras vão sempre no sentido de dar lições. Os outros não sabem nada. O que vai à discussão está tudo mal feito. Parece é que está ali apenas para diminuir o actual presidente, sobretudo a “pôr o pau na roda”.

É minha intuição que o agora vereador Marqueiro, pela pressão de auto-embargo que não consegue ultrapassar, não vai aguentar os quatro anos de mandato.

Ficou bem sublinhada por parte de António Franco uma elevada calma para com o “enfant-terrible”. É de supor que, a continuar este situacionismo, este polimento forçado não vá durar muito.

Sem pretender dar lições, pelo capital político acumulado, pela saúde mental de todos, o melhor que Marqueiro fazia a si mesmo e a outros que o rodeiam era pedir a resignação/substituição.


AS MELHORAS PARA AS REUNIÕES


Como recomendação, sugiro que seja disponibilizado uma cadeira para o publico intervir. Esta cadeira deve estar separada da assistência, por exemplo, atrás do executivo, e virado para todos. O que acontece actualmente é que os intervenientes, das duas uma, ou permanecem sentados junto de outra assistência – o que não fica muito bem -, ou levantam-se e fazem a sua intervenção de pé – o que também não me parece muito correcto, sobretudo se forem seniores. Bem sei que a ideia de manter o publico sentado é para dar uma ideia de familiaridade, de proximidade, porém, a meu ver, falta solenidade ao acto.

Outro assunto que me chamou a atenção é o facto de as sessões não serem gravadas em audio para memória futura. Embora a lei não obrigue, é um passo que deveria ser levado em conta. É certo que estão funcionários a tomar notas para as actas, mas não é a mesma coisa.

Vale a pena pensar nisto?


Sem comentários: