No último Domingo, solarengo, com temperatura amena de Outono, e convidativo a passear, eu e a minha mulher, como fazemos nos últimos anos nesta altura às portas do Natal, fomos a Águeda ver as ornamentações. Era também o segundo Domingo do mês, dia em que se realiza a Feira de Velharias, junto à Câmara Municipal.
Fomos à hora do almoço, reparámos que tudo quanto era café e restaurante na baixa da cidade estava repleto. Famílias completas, desde a avózinha mais idosa até ao netinho mais novo da prole, todos faziam fila à espera de chegar a sua vez. Nas ruas o movimento de velhos e novos era constante.
Os largos, as ruas e as fachadas dos edifícios ornamentados na cota superior do edificado essencialmente com guarda-chuvas de várias cores e vários feitios e o chão atapetado com alcatifa de cor avermelhada, parecem constituir um cenário das mil e uma noites.
À entrada da cidade um Pai Natal em versão colossal, com ar bonacheirão, apresenta as boas-vindas aos visitantes. Com réplicas em tamanho grande de um trenó puxado por duas renas, um automóvel desportivo em tamanho real construído em madeira, a família natal repicada em esferovite junto à Câmara Municipal, os degraus das escadas e bancos em madeira pintados em cores vivas e alegres, as diversas pinturas murais ao logo de becos e travessas, uma bicicleta gigante, tudo servia para tirar fotografias em grupo e isoladamente.
No meio da estupefacção e com os olhos perdidos em tanta criatividade projectada em arte de rua, misturado entre a inveja e a tristeza, sou invadido por um pensamento: bolas, por que não acontece o mesmo na minha cidade? Faltam ideias? Provavelmente! Mas se faltam, que o novo executivo esteja aberto, para ouvir, anteprojectos dos cidadãos.
É certo que estamos perante um elevado investimento por parte da autarquia, mas vale a pena. Águeda, durante estes meses mais cinzentos, é o espelho de uma cidade mediana, periférica, cheia de luz e cor, que nos faz sonhar.
Demos também um saltinho à Feira de Velharias. Ainda me lembro aquando da sua inauguração em 1995. Penso para com os meus botões, se calhar, com todo o efeito destrutivo pandémico, como aconteceu em outros lugares de maior projecção mediática onde minguou ou desapareceu, será de prever que o certame encolheu. Surpresa das surpresas, esta alegoria de adelo, coisas usadas e antigas, com uma enorme ocupação de espaço em torno da edilidade, com largas dezenas de expositores e milhares de interessados, está transformada numa das melhores feiras da zona Centro.
Que raio de luz divina mereceu Águeda para dar lições a todos nós?
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