sexta-feira, 19 de novembro de 2021

FALECEU JOSÉ PIRES, O GRANDE EMPREENDEDOR DOS “TRÊS PINHEIROS”

(imagem retirada, com adevida vénia, do jornal digital Bairrada Informação)
 




Foi através do jornal digital Bairrada Informação que soubemos a triste notícia: Faleceu hoje José Pires, grande empresário e fundador do empreendimento “Três Pinheiros” em Sernadelo, Mealhada.

Durante os últimos vinte anos fui cliente assíduo dos “Três Pinheiros”; lá amei, lá sonhei, lá construi imaginários castelos com as pedras que me fizeram tropeçar no caminho. Ali, quase sem me aperceber, inconscientemente, fui envelhecendo paulatinamente, quase sem dar por isso.

Aquela casa de restauração, hotelaria e “dancing” foi para muitos como eu um paraíso de acalmia. Num qualquer Sábado à noite do mês, a alma, repercutida num rosto granítico e angustiado, depois de uma semana de trabalho, mostrando cansaço, rapidamente rejuvenescia. Como nevoeiro em manhã de Agosto, ao som da música de baile rapidamente desaparecia a fadiga e dava lugar a um brilhar metafísico de luz. Ali, na forma de aconchego, no desempenho cerimonioso e majestático como éramos recebidos, sentíamo-nos em nossa casa.

Frequentei esta empresa desde o período de maior glória desta organização turística, quando tinha uma orquestra com cerca de uma dezena de músicos, até ao seu progressivo declínio, quando um só executante animava o bailarico, onde foi exalado o último suspiro daquela que foi a maior catedral sociológica da Bairrada, há-de haver para aí uns três anos.

Foi nas suas três pistas de dança desta grande casa de inolvidável memória que, pelo menos duas vezes por mês, rodopiei com o meu par ao som das suas orquestras de cordas e metais.

Algumas vezes, eu e outros clientes, éramos recebidos pelo embaixador “honoris causa” José Pires. Com o seu sorriso envergonhado, a meio-sorrir num rosto arredondado, era a simpatia em pessoa.

Curiosamente, há muitos anos que éramos amigos no Facebook – estou convencido que ele teria lido qualquer texto meu que gostou e, na subsequência, pediu-me amizade – daquelas amizades que não passam de uma mera formalidade. Estou convencido que nem ele sabia dessa ligação platónica. Nunca falámos disso. As conversas que existiram entre nós foram sempre curtas e institucionais.

José Pires deixou-nos hoje. Para ele, que parte, uma lágrima de saudade. Paz à sua alma.

Para a sua família, em nome de tantos e tantos clientes “do Sábado nos Três Pinheiros” – se posso escrever assim – os nossos sentidos pêsames.


Sem comentários: