quarta-feira, 17 de novembro de 2021

ESTAÇÃO DA CP/MEALHADA: UM BILHETE TIRADO A FERROS

 





Para diminuir a minha pegada de carbono, por outras palavras, para tentar reduzir a quantidade de monóxido de carbono que produzo diariamente, em vez de levar o carro até Coimbra, esta semana, optei por utilizar o comboio, com ida e volta a partir da Mealhada.

Pouco interessa para aqui, mas, como se vê, sou mais ambientador calculista do que ambientalista de convicção. É certo que separo os lixos no Ecoponto e pouco mais.

Voltando à minha nova opção pela ferrovia, posso garantir que é uma viagem maravilhosa até à terra dos doutores. Rápida, cerca de vinte minutos, muito cómoda e com um preço módico, fica mais barato do que levar o carrinho.

Estava eu no meu deleite de viajante a dar graças à CP, Comboios de Portugal, a elogiar o seu prestimoso serviço, eis senão, como no melhor pano cai a nódoa, hoje a escrita ficou completamente borratada.

Para que os passageiros possam tomar o trem para a Lusa Atenas, que faz paragem na Mealhada às 12h57, naturalmente, é preciso adquirir o bilhete na Estação. Acontece que a bilheteira, com um único funcionário, abre às 12h30, isto é, cerca de meia hora antes.

Se nos primeiros dias desta semana não tive problemas, hoje a dificuldade em comprar o bilhete transbordou.

Cerca das 12h40, a sala onde se encontram as bilheteiras e o bar estava anormalmente frequentada. Mais ou menos vinte adolescentes, alunos da EPVL, Escola Profissional Vasconcelos Lebre, aglomeravam-se à espera que a “S’tora”, em frente ao “guichet”, adquirisse os bilhetes para rumarem a Aveiro numa visita de estudo promovida pelo estabelecimento de ensino.

Entre a identificação de cada miúdo menor de idade, mais uma moeda para aqui e mais uma nota para ali, a docente, sem descolar, parecia grudada ao balcão.

Atrás dela seis cidadãos, entre uma olhadela ao relógio, que não parava de avançar, e uma ruga de preocupação na fronte, faziam um esforço para tentarem compreender o que se passava ali à sua frente, em que a “bicha” nem andava nem desatava.

O funcionário da CP, como se estivesse num dos mundos mais normal, sem adiantar nem atrasar, continuava calmamente no seu rame-rame.

Faltavam poucos minutos para a entrada das carruagens na estação. É então que um dos mártires da fila atira para a professora: “vai desculpar, minha senhora, mas também precisamos de viajar. Porque não veio mais cedo, se sabia que iria ser assim, esta confusão?

A mestra, à laia de explicação, olhando o cidadão, replicou: “eu vim para aqui às 12h25, mas a bilheteira só abriu às 12h30…

Quando o comboio entrou na estação cinco pessoas ainda esperavam comprar bilhete. A toda a pressa quatro ainda conseguiram, uma jovem teve de entrar na locomotiva sem bilhete.


COMO É QUE VAMOS MELHORAR ISTO?


Expondo a situação ao revisor, por sinal simpatiquíssimo, logo à entrada, e perguntando o que iria acontecer à jovem sem bilhete, o profissional contemporizou: “esta situação, aqui na Mealhada, é recorrente. A bilheteira abre tarde e é só um funcionário. Basta alguém pretender carregar um passe e mais alguém pagar com Multibanco e está tudo estragado. Pergunta como resolvemos uma situação destas?” E encolheu os ombros. Antigamente era tudo resolvido através do bom-senso. Hoje ninguém se importa com as causas. A falta de bilhete, obrigatório para viajar, sem ele, a sanção é de 125 euros. Para além disso, acrescentou o fiscal, é obrigação do funcionário, que está na bilheteira, sempre que não consiga emitir o bilhete a tempo e horas, vir falar com o revisor e dar conta da sua impossibilidade. Mas este senhor não fez nada disso.”


(TEXTO A ENVIAR PARA A CP COMO RECLAMAÇÃO E PARA CONHECIMENTO DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA MEALHADA)


1 comentário:

Nuno F disse...

Muito bem! É preciso reclamar sempre que este tipo de situações acontecem. Podiam instalar máquinas de venda de bilhetes como existem na Estação Nova.

Fui utilizador frequente dessa linha entre Coimbra e Aveiro durante 1 semestre. No regresso, a partir da Mealhada, vinha quase sempre cheio.