terça-feira, 8 de setembro de 2015

SAUDADES DE QUEM PARTE E VIDA PARA QUEM FICA





Hoje, nas colunas dos defuntos existentes na Baixa, fui surpreendido com o anúncio da morte de António Carlos de Carvalho Graça. E quem foi, o que fez de notável o senhor Graça? Perguntará o leitor? Não sei! Sei apenas que durante muitos anos foi um frequentador assíduo do Largo da Freiria, nas ruidosas “tertúlias” diárias de jogo da moeda, que se realizavam na conhecida praceta, junto da desaparecida Sapataria Reis e com o “Manel” Magalhães –que também já não está entre nós- a comandar as operações de grande campeão.
Interessante como, tantas vezes, mesmo passado cerca de uma dezena de anos, como é o caso, os barulhos da cidade continuam tão presentes na nossa memória. Passado todo este tempo, quando recordo esta vivência, continuam a ribombar na minha cabeça os gritos dos jogadores: “uma!”,três!”,seis!”. O prémio para o ganhador da jogada era uma rodada na “tasca da Mariazinha”, na Rua do Almoxarife e ali próximo. Na altura, talvez pela recorrência diária, até se tornava aborrecido, agora que o silêncio é mais do que o necessário, tenho saudade dessa sumida efervescente forma de vida citadina. Impressionou-me tanto que até compus uma canção a que dei título “Hino à cidade Perdida”, cantado pela Celeste Correia, membro integrante da "Orquestra de Músicos de Rua de Coimbra".
Com esta pequena descrição de um costume que desapareceu perante os nossos olhos, aproveito para fazer uma pequena homenagem póstuma ao senhor António Graça. Em nome dos comerciantes do Largo da Freiria que por cá estão e ainda vão resistindo, em nome da Baixa, para a família enlutada os nossos sentidos pêsames.

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