segunda-feira, 31 de março de 2008

VIDEOVIGILÂNCIA CEGA DE UM OLHO

Segundo o “Diário As Beiras”, “o projecto, da autoria do Gabinete para o Centro Histórico da autarquia de Coimbra, prevê que as 17 câmaras de vídeo, a serem colocadas em todas as entradas das ruas da Baixa e junto à Sé Velha e Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, na Alta, estejam em funcionamento apenas entre as 21 horas e as 07.OO. Ou seja, durante o dia, estarão desligadas”.
Continuando a citar o Jornal, Paulo Mendes, presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, e Armindo Gaspar, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, estão contra a proposta de horário que hoje será apresentada pela autarquia.
Sidónio Simões, Director do Gabinete para o Centro Histórico, não vê necessidade das câmaras estarem ligadas 24 sobre 24 horas. E porque não? Interrogo também eu. Será para não se ver, durante o dia, cinco ou seis funcionários dos Serviços Municipalizados ou Àguas de Coimbra à volta de um buraco e só um com uma pá na mão? Será para, em caso de assalto de esticão, se verificar que naquele local não havia mesmo um Policia de Segurança Pública?
Tem lógica fazer um investimento destes só para estar a funcionar durante a noite? Se, efectivamente, não houvesse delinquência durante o dia até se poderia entender, mas, infelizmente não é o caso. Existe mesmo, ainda que ligeira e sem grande expressão. E, assim sendo, porque não usufruir de todas as prerrogativas necessárias à segurança? E mais, como dizia, no mesmo jornal, Carlos Clemente, presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, “a insegurança também existe no miolo comercial da Baixa, o qual não tem prevista a instalação de qualquer tipo de aparelho. (…) é preciso que a proposta da autarquia contemple toda a Baixa e não uma parte”.
Já há muitos anos que os comerciantes sentem estar divididos em duas classes: os de primeira e os de segunda. Os da primeira linha abarcam o canal entre a Praça 8 de Maio, as Ruas Ferreira Borges, Visconde da Luz e Portagem. Os de segunda escolha serão os restantes de toda a Baixa. Esta percepção já é antiga e, quer pela autarquia, quer pela APBC, nada é feito para o desmentir. Por exemplo os espectáculos de rua, normalmente são sempre desenrolados naquelas artérias principais. As iluminações de Natal, como a premiar a excelência, naquele canal, são sempre de qualidade superior às restantes. Ainda que, fugazmente, haja uma pequena atenção ligeira pelas ruas e vielas. É como se aquelas artérias principais fossem a (única) montra da cidade. Como se estivéssemos perante filhos e enteados.
Voltando à segurança, curiosamente, aquelas ruas principais são as mais policiadas e as que apresentam menos taxas de delinquência na cidade. Daí a observação correcta, e sempre atenta, de Carlos Clemente.

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