quarta-feira, 5 de março de 2008

PELO DIREITO Á MEMÓRIA E PELO DEVER DE PERSERVAR UM MUSEU

Concretizado em 1971 pelo Ministro da Educação, Veiga Simão, e oficializado por decreto-lei nº347 de 12 de Maio de 1976 do Ministro Almeida Santos, pelo reconhecimento merecido, embora tardio, de um dos maiores físicos portugueses, professor universitário Mário Augusto da Silva e da riqueza cultural que representava para Coimbra e para o País o extraordinário acervo, nasceu assim o Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT).
A partir de 1991, entra em degradação e agonia no Governo de Cavaco Silva, sob a tutela do seu Secretário de Estado da Cultura, Pedro Santana Lopes, e foi integrado no Instituto Português de Museus. Foi transferido para o Ministério da Ciência e da Tecnologia através do decreto-lei nº379/99, de 21 de Setembro de 1999. Apesar desta letargia, por obra do seu director Paulo Renato Trincão, em 2001, o MNCT atingiu o pico de intervenção cultural em Coimbra, com a exposição “HÁ MÚSICOS INVISÍVEIS NA CIDADE”. É também sob a tutela deste dinâmico homem de cultura que é adquirido o Palácio Saccadura Botte, na Rua dos Coutinhos, onde funcionava, através de arrendamento, desde o seu nascimento em 1971.
Em 6 de Abril de 2004, no seguimento do memorando de entendimento sobre o projecto “Museu das Ciências”, durante o XV Governo Constitucional de Durão Barroso, em Coimbra, é assinado pelo Reitor da Universidade de Coimbra (UC), pelo Presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), pelo Secretário de Estado Adjunto da Ciência e do Ensino Superior e pelo Ministro da Cultura. Neste memorando ficou estabelecido o compromisso de congregar esforços no sentido de viabilizar a criação e instalação em Coimbra de uma estrutura que permitisse tirar o máximo partido do enorme potencial museológico da cidade nos domínios científicos, nomeadamente, através da constituição de uma Fundação à qual competiria, no respeito pelo espírito do código deontológico do Conselho Internacional de Museus, a gestão integrada do espólio de museologia científica pertencente à Universidade de Coimbra e ao Museu Nacional da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva, através da criação, dinamização, gestão e exploração de um pólo interdisciplinar de produção e divulgação científica e cultural designado museu das ciências.
Já em gestão, no Governo de Santana Lopes, nos termos do nº5 do artigo 28º, do decreto-lei nº10/2005, de 6 de Janeiro, o MNCT é integrado no Museu do Conhecimento, segundo a nova Lei Orgânica do Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior. Este “Museu do Conhecimento” pretendia ser um projecto integrado que englobaria todas as instituições museológicas da Universidade de Coimbra.
Foi no sentido de concretizar esta ambiciosa rede museológica, e na tramitação do memorando ratificado entre o Ministro da cultura do XV Governo, o Reitor da UC e do Presidente da CMC, que foi inaugurado a 5 de Dezembro de 2006, no antigo Laboratório Químico, o actual Museu da Ciência. Porém, se inicialmente este museu foi concebido para ser um pólo interdisciplinar entre vários acervos museológicos, a verdade é que este novo museu é uma instituição distinta, criada autonomamente e em contextos diferentes. E assim o MNCT nunca chegou a ser uma extensão do Museu da Ciência e foi progressivamente abandonado à sua sorte. As suas milhares de peças, algumas únicas no mundo, estão armazenadas, muitas delas a apodrecerem, como é o caso de máquinas industriais de finais do século XIX que se encontram nos corredores, ao ar livre, no Antigo Colégio das Artes. Mantém-se encerrado ao público há quase dois anos com 7 funcionários “emparteleirados”.
Há indícios claros de que, como o caso foi denunciado num debate sobre a cultura em Coimbra, e perante o pró-Reitor para a cultura da Universidade de Coimbra, em 20 de Fevereiro último, o Reitor da UC, com autorização legislativa através de decreto –lei, sem mais delongas, se prepara para “desmantelar” todo o acervo do MNCT. O melhor do espólio será distribuído pelos vários museus nacionais. Quanto ao restante, menos valioso pouco se sabe, mas calcula-se o seu fim trágico.
Tudo indica que o Palácio Saccadura Botte, na Rua dos Coutinhos será uma futura residência universitária.
Pela memória do grande cientista que foi Mário Augusto da Silva, pela agressão cultural que este gesto criminoso constitui para Coimbra que tanto amamos, pela displicência e despiciência, não podemos ficar impávidos e serenos. Não consentimos! Protestamos com veemência. Negamos ser parceiros nesta cumplicidade vergonhosa.
SE VOCÊ, INDEPENDENTEMENTE DO SEU CREDO OU IDEOLOGIA –A CULTURA NÃO TEM COR POLÍTICA- COMO EU, TEM COIMBRA NO CORAÇÃO, POR FAVOR PASSE ESTA MENSAGEM.

2 comentários:

Vítor Ramalho disse...

http://www.petitiononline.com/muscoimb/petition.html

Anónimo disse...

Parece que ninguém assina a petição. É uma tristeza.