(IMAGEM DA WEB)
Exm.º Dr. Paulo Mendes:
Começo por lhe desejar felicidades para o cargo que recentemente assumiu.
Em seguida, começo por analisar o seu discurso de tomada de posse perante o Secretário de Estado adjunto, da Indústria e Inovação. Referiu a nova lei dos saldos, a diminuição das verbas do PIDDAC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central), inseridas à região no Orçamento Geral do Estado para 2008, focou também as acessibilidades ao interior do distrito.
Citando o Diário de Coimbra, “aproveitando a presença do Secretário de Estado, Castro Guerra, Paulo Mendes disse que a ACIC irá lutar pela diminuição da carga fiscal e pela recolocação do IVA nos 17% e pela eliminação do pagamento especial por conta. O calendário político deve ser acertado pelo exclusivo interesse comum, pelo interesse nacional e não de acordo com o calendário eleitoral, cíclico, repetitivo e às vezes mau conselheiro”. Prometeu também uma postura interventiva na defesa dos interesses dos empresários e empresas da região.
Este tipo de discurso, “dejá vù”, de pedir o abaixamento de impostos, a taxa do IVA a nova lei dos saldos, fica sempre bem a quem o profere, é uma espécie de gravata social, e compõe extraordinariamente a “toillette”. Porém, lembro-lhe, essa não é a sua função. Esse desempenho cabe, por inteiro, à Confederação do Comércio Português, de que a ACIC é vice-presidente. A si cabe-lhe, por inerência, como referiu, apenas e só, defender os interesses dos empresários e das empresas do distrito, perante a administração local. E, sublinho, a ACIC não o tem feito. Esta instituição centenária, de interesse público, que no seu código genético é e deverá ser sempre naturalmente antipoder, é um gigante tolhido de pés e mãos, subserviente ao poder autárquico, que devendo ser um lobby de pressão na defesa dos seus associados, essencialmente os comerciantes, o que tem feito, sobretudo a partir de 2002 é estar, tacitamente, ao lado do executivo camarário.
A ACIC é (tem sido) um trampolim político que tem servido só os interesses particulares dos seus presidentes, sobretudo a partir de 1998. Com gestão a raiar o danoso. Como se pode entender que empresários de sucesso na sua vida particular, naquela Associação, enquanto presidentes, tivessem acarretado prejuízos de vários milhares de euros em contratos mal negociados para a ACIC?
O que espero de V.Exª é que sendo comerciante na Baixa, tenha a sensibilidade de verificar como vivem ou sobrevivem os comerciantes de rua. Entre no interior das lojas e aperceba-se da sua tristeza e falta de confiança no futuro. Lá dentro, olhe à sua volta e verifique as prateleiras vazias de artigos e fale com eles e veja o seus estados de espírito, as suas almas cheias de nada.
O que espero de V. Exª é que não alinhe ao lado do poder autárquico, sendo uma sua caixa de ressonância, mas reivindique o impossível para conseguir conquistar alguma coisa e, o mais importante, conquistar a estima dos comerciantes, para que estes sintam, através da sua abnegação, que o senhor é um dos nossos e não dos “outros”.
O que anseio de V.Exª é que depois deste seu mandato, que, sinceramente, espero profícuo, não vá ocupar um lugar de gestão num qualquer serviço semipúblico ou de vereador na autarquia, em representação partidária. Para mal já basta assim e chega o que tivemos até à sua nomeação.
Aguardo a sua prestação.
Felicidades.
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