terça-feira, 22 de novembro de 2016

ALOJAMENTO LOCAL EM FRANCA EXPANSÃO NA BAIXA




Para quem anda por cá mais atento, mais que certo, terá visto que nos últimos tempos o alojamento local na Baixa está em crescimento. Passe-se à noite na Rua Ferreira Borges e, no patim da antiga sapataria Romeu, ver-se-á um ou dois estrangeiros a dormir em cima de um colchão. Também na Rua Eduardo Coelho, no prédio das antigas Galerias Coimbra, paredes-meias com uma frutaria, um aposento simples, com um cobertor a fazer de cortina e que dá guarida a duas pessoas desabrigadas, mostra-se a quem passa.
O tempo de hoje nesta zona histórica, apesar do Governo tentar mostrar o contrário, pelo elevado número de indivíduos que permanecem à noite junto à Loja do Cidadão à espera das carrinhas, das associações Integrar e João Paulo II, que distribuem comida, parece ter voltado uns anos trás, para 2010/2013, num contrato social falhado. Tal como nessa altura, constata-se também diariamente um aumento exponencial de pessoas a tentarem vender qualquer coisa, apenas para fazer algum dinheiro.
Seja lá por que for, por vergonha ou empenho, parece que não se fala da miséria recorrente e que, aparentemente, voltou a conviver com as famílias portuguesas. Será que, ao não tocarmos neste assunto, estamos todos a tentar auto-convencer-nos de que estamos melhor? Será que, colectivamente, estamos a sofrer a síndrome de Estocolmo, estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor?

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