quarta-feira, 6 de abril de 2016

O GRITO VINDO DA RUA DA SOFIA VAZIA

(Fotos de Aguinalda Simões)



Aguinalda Simões, a nossa querida Guida como é assim tratada, proprietária do Café Sofia, na rua do mesmo nome, mulher trabalhadora que não se rende ao ostracismo político, lançou hoje na sua página do Facebook duas fotografias da antiga rua dos colégios, há cerca de três anos declarada Património Mundial da Humanidade, praticamente vazia e sem transeuntes.
O abandono a que esta importantíssima artéria da Baixa está sujeita é um escândalo. Repito: um escândalo! Não se pode conceber que a via mais importante da cidade que, conjuntamente com a Universidade de Coimbra, constituiu a génese do reconhecimento mundial em Junho de 2013 esteja esquecida pelo poder da cidade –refiro, como se calcula, o executivo municipal liderado por Manuel Machado, eleito pelo PS, e, por inerência, a Universidade de Coimbra, que foi a entidade que tratou da matéria processual de candidatura à Unesco. Ressalvo que o movimento Cidadãos de Coimbra e o seu vereador eleito no executivo já várias vezes chamou a atenção pública para o que se está a passar.
Não se pode compreender que a deslocação de turistas em trânsito continue a ser feita diariamente, em trajecto triangular, entre o Largo da Portagem, Praça 8 de Maio e Universidade. 
Já escrevi alguns textos sobre este assunto e, sem querer fazer acusações gratuitas, tudo indica que há interesse em manter este situacionismo. Se calhar dá jeito manter o turismo raquítico. Continua-se a malhar em ferro frio. Vira o disco e toca o mesmo.
Como é que se pode aceitar que nem sinalética exista a indicar a classificação?
Como é que se pode continuar a admitir que várias igrejas e colégios continuem encerrados e não estejam acessíveis à visita?
Porque é que o poder político parece ter medo do poder religioso e não confronta a Diocese de Coimbra, na pessoa do senhor Bispo Dom Virgílio Antunes, para a necessidade de um plano em que as igrejas estejam sempre disponíveis, incluindo o dia de Páscoa, para as visitas turísticas e contribuam para o desenvolvimento da cidade?
O argumento normalmente apresentado é que não há pessoal para colocar nas igrejas. Claro que é tão ridículo que não colhe mas, considerando ser assim, a edilidade tem obrigação de desencadear o desenvolvimento de meios. Já fez alguma coisa neste sentido?

E SOLUÇÕES, NÃO HÁ? HÁ, HÁ!

Sabe-se que, em Abril deste ano, em parceria entre a Universidade e a Fundação Bissaya Barreto, foi criado um Bilhete Único, com o custo de 12 euros, para visitar conjuntamente o Portugal dos Pequenitos e a Universidade.
Ora, mesmo não estando por dentro do processo, penso que é claro que estamos perante o poder egoísta e arbitrário das capelinhas. Se estas duas entidades tivessem em conta o interesse maior de Coimbra, mais que certo, teriam desenvolvido um bilhete alargado e de âmbito monumental que abarcasse todos os pontos turísticos, incluindo catedrais -e não somente os dois enunciados-, e a situação estaria parcialmente resolvida.
Outra alteração, que já apresentei aqui, seria, por exemplo, ser criada junto ao Mercado Municipal D. Pedro V -que está agonizante- uma zona para paragem de autocarros turísticos. Em vez de continuarem a ser despejados no Largo da Portagem passaria a ser naquele local e, com esta paragem, contribuir para a revitalização do antigo mercado popular.
Mas Coimbra, anunciada Cidade do Conhecimento, Cidade não sei mais de quê, é um arquipélago de várias ilhas, com um umbigo enorme, onde só cabem os egos de alguns ilhéus. Enquanto alguns não sabem o que fazer a tanta fartura, já outros, na miséria que se conhece, rastejam para sobreviver.
Termino com a expressão da Aguinalda: “Triste, não acham?”

1 comentário:

Anónimo disse...

Ui. Sr. Luis, quanto a isso de questionar a Diocese, não se meta nisso. Estamos na cidade que fez uma estátua a um Papa que esteve cá meia hora, coisa que nem na terra natal dele. Ficou logo ali ligado à velha universidade, como se a tivesse fundado a par do Dom Diniz. Até os mais retintos republicanos coimbrinhas contribuíram ou pelo menos ficaram de bico calado. Eu, desde miúdo que ouço dizer que Coimbra tem um microclima especial.